Economia

Indústria continua saindo dos grandes centros, revela IBGE

A Pesquisa Industrial Anual (PIA) de 2000, feita pelo IBGE, revela que as empresas brasileiras continuam a se espalhar para fora dos grandes centros. Entre 1985 e 2000, Rio e São Paulo perderam participação relativa, enquanto a produção das indústrias do Sul, Centro-Oeste e Norte - ao contrário do Sudeste e do Nordeste - cresceu […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h40.

A Pesquisa Industrial Anual (PIA) de 2000, feita pelo IBGE, revela que as empresas brasileiras continuam a se espalhar para fora dos grandes centros. Entre 1985 e 2000, Rio e São Paulo perderam participação relativa, enquanto a produção das indústrias do Sul, Centro-Oeste e Norte - ao contrário do Sudeste e do Nordeste - cresceu igualmente ou acima da média nacional. Já a PIA voltada para os produtos brasileiros mostra que os cem 100 mais vendidos representam 35% das vendas da indústria brasileira.

Pela primeira vez, a análise da Pesquisa Industrial Anual - Empresa dá informações sobre as microrregiões brasileiras. Essa análise permitiu identificar um processo de interiorização do setor nos últimos anos. As 125 mil indústrias pesquisadas empregaram 5,3 milhões de trabalhadores, que receberam, entre salários e retiradas, R$ 57,3 bilhões, o que configura um salário médio mensal de R$ 828,40. Em 2000, estas empresas geraram uma receita R$ 642 bilhões e valor da transformação industrial de R$ 257 bilhões, enquanto seus investimentos chegaram a R$ 34 bilhões.

Com base no Censo Industrial de 1985 e nos resultados de 1996 e 2000 da PIA - Empresa, detectou-se um movimento de desconcentração regional. Entre 1985 e 2000, a indústria do Sudeste perdeu importância relativa enquanto geradora de empregos. Já estrutura da produção revela que o saldo de novas plantas, expansões, enxugamentos, fechamentos ou produtividade alcançada foi negativo no Sudeste e Nordeste, enquanto as indústrias do Sul, Centro-Oeste e Norte obtiveram taxas de crescimento da produção maiores ou iguais à média nacional.

Sob a ótica regional, verificou-se, por exemplo, que São Paulo e Rio de Janeiro foram os estados com as maiores reduções de peso relativo, enquanto na região Nordeste, Bahia e Pernambuco foram os que mais perderam participação. O Ceará, ao contrário, ostentou a maior ampliação de participação dos estados nordestinos.

O Centro-Oeste concentrou as mais elevadas taxas de crescimento relativo da indústria nacional. Na região Norte, os movimentos de maior concentração da produção ocorreram no Amazonas e Pará - respectivamente, 1,3 e 0,6 ponto percentual. Todos os estados do Sul e Sudeste (exceto Rio de Janeiro e São Paulo) ganharam peso, especialmente Rio Grande do Sul e Paraná, que obtiveram o maior aumento de participação na produção nacional.

Quanto ao desenvolvimento setorial, a PIA pôde distinguir uma desconcentração mais ampla nas indústrias de celulose e papel, de metalurgia básica, de produtos do metal, de minerais não metálicos, do refino de petróleo e produção de álcool, e de bens salários (têxteis, vestuário, couro e calçados, móveis e indústrias diversas - nas quais o custo mais alto é o da mão-de-obra). Também foi detectada uma desconcentração concentrada no Sudeste e Sul do país, nas indústrias de veículos automotores, de artigos de borracha e plástico, de máquinas e equipamentos e de máquinas e materiais elétricos. Por fim, houve uma reaglomeração nas indústrias de fumo, de outros equipamentos de transporte, e de máquinas para escritório e equipamentos de informática.

As 101 microrregiões brasileiras, em 2000, tinham mais de 10 mil trabalhadores industriais. Na comparação entre suas participações no total da produção industrial entre 1996 e 2000, mostra a perda de participação da Grande São Paulo, que recua de 19,6% em 1996, para 13,9% em 2000.

Já a PIA Produto levantou informações sobre a linha de produção de 14.300 unidades industriais e cerca de 3.200 produtos, cujas vendas alcançaram R$ 414 bilhões. O total das vendas desses produtos representa 69,7% das vendas de toda a indústria. Os 100 maiores produtos em vendas participam com 50,4% das vendas apuradas na PIA - Produto e representam 35% das vendas totais da indústria.

São Paulo, com sua estrutura industrial diversificada, tem, entre os 10 produtos mais vendidos, bens intermediários (combustíveis), de capital de alto valor agregado (aviões), de consumo duráveis (automóveis) e de consumo não duráveis (medicamentos e açúcar refinado). Já do parque industrial de Goiás, por exemplo, saem produtos mais estreitamente relacionados às indústrias de alimentos, bebidas e à agricultura: derivados do complexo soja (tortas, óleos, farinhas), cerveja e chope, adubos e fertilizantes, carne bovina, leite esterilizado e extrato de tomate.

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