Economia

Indústria 4.0 atingirá 21,8% das empresas brasileiras em 10 anos

Atualmente, o Projeto Indústria 2027, estima que 759 grandes e médias indústrias brasileiras e multinacionais adotam as chamadas tecnologias 4.0

Indústria 4.0 é também conhecida como a quarta revolução industrial (Keystone/Hulton Archive/Getty Images)

Indústria 4.0 é também conhecida como a quarta revolução industrial (Keystone/Hulton Archive/Getty Images)

AB

Agência Brasil

Publicado em 12 de dezembro de 2017 às 06h46.

A digitalização do processo produtivo industrial deve atingir 21,8% das empresas brasileiras em uma década, mostra pesquisa, divulgada hoje (12) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Atualmente, o percentual é de 1,6%. A sondagem, que faz parte do Projeto Indústria 2027, avalia a expectativa de 759 grandes e médias indústrias brasileiras e multinacionais em relação à adoção de tecnologias 4.0.

O projeto é uma iniciativa da CNI e do Instituto Euvaldo Lodi (IEL), em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Para a CNI, a atualização da mão de obra será um desafio.

Os números referem-se ao nível mais elevado de conexão da produção - Geração 4 -, com "tecnologias da informação e comunicação (TIC) integradas, fábricas conectadas e processos inteligentes, com capacidade de subsidiar gestores com informações para tomada de decisão".

A pesquisa estabeleceu classificações de quatro gerações de tecnologias digitais para o desenvolvimento da sondagem.

O primeiro nível refere-se a produção pontual de TICs, a segunda geração envolve automação flexível com o uso de TICs sem integração ou parcialmente integradas e a terceira consiste no uso de tecnologias integradas e conectadas em todas as áreas.

"Passaremos os próximos dez anos em um processo de transformação industrial muito intenso, com as empresas, de fato, buscando trazer essa tecnologia disruptiva e implementando essas práticas dentro do seu modo de produção", avaliou Paulo Mól, superintendente nacional do IEL.

Ele avalia que essas transformações tecnológicas servirão para aumentar a produtividade, reduzindo o custo de produção e tornando as empresas brasileiras mais competitivas.

De acordo com os pesquisadores, a indústria 4.0 é também conhecida como a quarta revolução industrial. "[Ela] resulta do uso integrado de tecnologias avançadas da automação, do controle e da tecnologia da inovação em processos de manufatura".

Tais mudanças envolvem questões como o uso de robótica, de novos materiais, de biotecnologia, de armazenamento de energia, big data, entre outros.

A expectativa dos empresários é de que os estágios 3 e 4 de uso de tecnologia avancem na próxima década. O nível 3 passará de 20,5% para 36,9%.

Os demais níveis recuariam, abrindo espaço para empresas mais conectadas. Atualmente, o estudo indica que 77,8% das empresas brasileiras ainda estão nas gerações tecnológicas 1 e 2.

O maior percentual, em dez anos, estaria concentrado nos níveis 3 e 4, com 58,7% das indústrias.

A pesquisa avaliou ainda como as tecnologias 4.0 influenciarão as áreas de relacionamento com fornecedores, desenvolvimento de produto, gestão da produção, relacionamento com clientes e gestão de negócios.

No relacionamento com fornecedores, por exemplo, 77,3% dos entrevistados disseram que a probabilidade é alta ou muito alta de as tecnologias digitais serem dominantes nessa relação.

Entre os desafios para alcançar essa expectativa expressa pelos empresários, Mól destaca a questão da mão de obra qualificada.

"Quando eu falo que o Brasil deve passar por uma transformação industrial muito forte, como os dados estão mostrando, isso vai reequerer um país muito apto para ser parceiro nessas transformações", disse o superintendente.

Ele lembra a necessidade de parcerias com universidades e de políticas públicas de incentivo à indústria.

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