Economia

Inadimplência do consumidor sobe 2,1% em janeiro

A expectativa dos especialistas é que o volume de atrasos diminua, refletindo o recuo na taxa de juros e a melhora dos indicadores de atividade

Dívida: conforme a pesquisa, o resultado é o mais elevado desde junho de 2016 (BrianAJackson/Thinkstock)

Dívida: conforme a pesquisa, o resultado é o mais elevado desde junho de 2016 (BrianAJackson/Thinkstock)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 9 de fevereiro de 2018 às 17h58.

São Paulo - O índice de inadimplência do consumidor no País iniciou 2018 em alta, apesar dos sinais de retomada da economia, mostram levantamento do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL).

O volume de brasileiros com contas em atraso e com restrições no CPF subiu 2,10% em janeiro na comparação com o mesmo mês de 2017. Conforme a pesquisa, o resultado é o mais elevado desde junho de 2016. Naquela ocasião, o indicador subiu 2,78%. Em relação a dezembro de 2017, sem ajuste, houve aumento de 0,96% na quantidade de devedores - o maior crescimento desde maio de 2017.

O contingente de pessoa física inadimplente é de mais de 60,7 milhões, o que representa 40% da população adulta residente no Brasil, conforme a pesquisa.

A expectativa dos especialistas é que o volume de atrasos diminua, refletindo o recuo na taxa de juros e a melhora dos indicadores de atividade. Além disso, completa, a redução no nível de inadimplência tende a diminuir caso as expectativas de inflação sob controle se confirmem.

"O que mais favorecerá um ciclo de queda da inadimplência será uma recuperação mais acentuada do mercado de trabalho e a volta de ganhos na renda real do consumidor", explica o presidente da CNDL, José Cesar da Costa.

Regiões

De acordo com o indicador, a região Sudeste concentra o maior número absoluto de consumidores negativados, com 25,7 milhões, o equivalente a 39% da população adulta do local. Na sequência, aparece o Nordeste, onde 16,5 milhões de consumidores estão inadimplentes (ou 41%). No Sul do País, são 8,2 milhões de brasileiros negativados, ou 37% da população adulta. Já no Norte, são 5,4 milhões de devedores (45% do total da população residente, a maior entre as cinco regiões), enquanto no Centro-Oeste, o total é de 4,9 milhões de inadimplentes, ou 42% da sua população.

Faixa etária

A faixa etária dos consumidores em que se observa o maior nível de inadimplentes é entre 30 e 39 anos, conforme o levantamento. A metade (50%) da população iniciou 2018 com o nome inscrito em alguma lista de devedores - um total de 17,3 milhões. Uma porcentagem significativa da população com idade entre 40 e 49 anos (13,4 milhões, ou 48% do total) também está negativa.

A economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti ressalta que é nessa fase da vidaque a corrida ao crédito acaba sendo inevitável. "Em um momento de crise, pode ser difícil equilibrar o orçamento se não houver controle e disciplina", explica.

Entre os mais jovens (de 18 a 24 anos), a proporção de inadimplentes cai para 20%, ou 4,8 milhões. Já a população idosa, entre 65 a 84 anos, chega a 31%, ou cinco milhões de pessoas com o CPF inscritos em cadastros de inadimplentes. Nas demais faixas etárias são 7,8 milhões de inadimplentes entre 25 e 29 anos; 12,2 milhões entre os que têm 50 e 64 anos; e cerca de 232 mil idosos acima dos 85 anos nessa lista.

Dívida

O SPC Brasil e a CNDL ainda mostram que cinco em cada dez dívidas pendentes (51%) de pessoas físicas no País têm como credor algum banco ou instituição financeira. A segunda maior representatividade está no comércio (18% do total), seguido pelo setor de comunicação (14%). Os débitos com empresas concessionárias de serviços básicos como água e luz representam 8% das dívidas não pagas no Brasil.

Conforme o levantamento, o volume de dívidas em atraso caiu 1,94% em janeiro na comparação com igual mês de 2017. Em relação a dezembro, houve leve alta de 0,87%.

Os atrasos com empresas concessionárias de serviços básicos como água e luz foi o que mostrou a maior queda de dívidas em janeiro, de 7,12%. No comércio, esse porcentual ficou negativo em 6,97%.

As dívidas bancárias, que contemplam atrasos no cartão de crédito, financiamentos, empréstimos e seguros subiram 1,69% no período, enquanto no setor de comunicação, que engloba atrasos em contas de telefonia, internet e TV por assinatura, houve elevação de 9,01% de atrasos na comparação com janeiro de 2017.

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