Prédios históricos na pequena ilha de Riddarholmen m Estocolmo, na Suécia: (Mikael Sjoberg/Bloomberg)
João Pedro Caleiro
Publicado em 4 de março de 2018 às 08h00.
Última atualização em 4 de março de 2018 às 08h00.
Impostos mais altos e uma luta implacável contra a desigualdade estão fazendo com que a Suécia volte a ser grandiosa.
Esta é a opinião da ministra de Finanças do país, Magdalena Andersson, que administra uma das economias de crescimento mais acelerado da Europa.
Andersson propõe um modelo marcadamente diferente da redução de impostos e da agenda de desregulamentação defendida pelo presidente dos EUA, Donald Trump e, no processo, está gerando um crescimento econômico de mais de 3 por cento, nível de emprego recorde e inundando os cofres estatais.
A Suécia também recebeu mais refugiados do que qualquer outro país da Europa como porcentagem da população.
"As pessoas têm discutido se é possível ter esse tipo de modelo, com impostos altos e muito bem-estar, também em uma economia globalizada", disse ela em uma entrevista, em Estocolmo, na quarta-feira.
"Até agora, o que vemos é que temos um crescimento maior, um nível de emprego mais alto e finanças públicas fortes também em um mundo mais globalizado."
Diante do que parece ser uma eleição muito disputada em setembro, Andersson agora promete ainda mais gastos em bem-estar, assim como uma posição mais rígida em relação à criminalidade.
Ao mesmo tempo, o governo encabeçado pelo Partido Social-Democrata do primeiro-ministro Stefan Löfven analisa reduzir as taxas de impostos corporativos. A proposta é que o financiamento se dê exclusivamente por meio de impostos mais elevados em outras áreas da economia.
A economia da Suécia avançou consideravelmente no fim de 2017, com um crescimento de 3,3 por cento devido à recuperação das exportações.
O Fundo Monetário Internacional projetou em janeiro que o crescimento econômico global em 2018 atingirá o ritmo mais rápido em sete anos, em parte ajudado pelos cortes tributários dos EUA.
Mas a agenda de Trump de tarifas comerciais e cortes de impostos é um motivo de "preocupação real", disse Andersson, uma semana antes de Löfven viajar para Washington para se encontrar com o presidente dos EUA.
"O mundo como um todo ganha com o comércio internacional e mais globalização", disse ela.
O governo de Andersson irritou grupos empresariais com propostas de impostos mais elevados, muitas das quais o governo minoritário não conseguiu aprovar no Parlamento.
Mas a ministra diz que a intenção é limitar os lucros de prestadoras privadas de serviços de bem-estar.
Enquanto isso, o nível de dívida pública da Suécia está caindo rapidamente porque as receitas fiscais mais elevadas geram excedentes.
Andersson agora analisa se deve reduzir a meta de superávit orçamentário de um terço de um por cento do PIB se a dívida cair para um patamar inferior ao nível desejável de dívida.
A criação de um fundo de riqueza soberano também é algo que "será discutido se continuarmos com uma política fiscal prudente", disse ela. Mas os cofres cheios não vão tentá-la a aumentar os gastos.
"Nós, os social-democratas suecos, sempre tivemos uma política fiscal apertada", disse ela. "Faz parte do nosso modo de administrar as finanças públicas. E, claro, em um ano eleitoral e tendo grandes superávits, também implementamos uma política fiscal prudente."