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Imposto do refrigerante está dando certo no México

No país mais obeso do mundo, imposto de 10% sobre refrigerante conseguiu diminuir o consumo, mostra estudo

Menino tomando refrigerante (Getty Images)

João Pedro Caleiro

Publicado em 14 de julho de 2015 às 17h19.

São Paulo - Em janeiro de 2014, o México colocou em prática um experimento com poucos precedentes: a introdução do imposto de um peso (R$ 0,20) sobre cada litro de bebidas com açúcar

Isso significou um aumento de cerca de 10% no preço e as empresas começaram a sentir o baque alguns meses depois. Agora, um novo estudo mostra que a medida conseguiu seu objetivo de diminuir o consumo de refrigerante .

Já levando em conta a tendência de queda que vinha pré-2012 e variáveis macroeconômicas, a compra das bebidas mais taxadas caiu em média 6% no ano passado, chegando a 12% em dezembro.

Bebidas sem taxação extra tiveram alta de 4% no consumo, com destaque para água engarrafada. Todos os grupos socioeconômicos tiveram redução, mas elas foram maiores entre os mais pobres: -9% e -17% ao longo do ano e em dezembro, respectivamente.

Uma das críticas comuns a esse tipo de imposto é que ele é regressivo, afetando principalmente os mais pobres. Acontece que as doenças também são "regressivas" e mais comuns nessa faixa da população, que sofrem com o problema adicional de falta de tratamento.

Os dados vem de um painel de consumidores com informações de 53 cidades com pelo menos 50 mil habitantes e foram reunidos pelo Programa de Pesquisa Alimentar da Universidade da Carolina do Norte com o Instituto Nacional de Saúde Pública mexicano.

O financiamento veio da Robert Wood Johnson Foundation e da Bloomberg Philanthropies, fundação do bilionário Michael Bloomberg.

Quando era prefeito de Nova York, Bloomberg tentou - sem sucesso - banir refrigerantes gigantes na cidade. Sua fundação contribuiu com US$ 10 milhões para a campanha pelo imposto no México, que sofreu oposição intensa das grandes empresas do setor.

Contexto

O México é o maior consumidor de refrigerante per capita do mundo - quase meio litro por dia, em média - e já ultrapassou os Estados Unidos como o país mais obeso do planeta.

70% de seus adultos e 30% de seus adolescentes estão acima do peso e as taxas de diabetes, pressão alta e outras doenças relacionadas são altíssimas na comparação internacional.

A iniciativa mexicana deve servir de exemplo, já que Noruega e França são alguns dos poucos lugares que impõe uma taxação extra sobre bebidas com açúcar.

Dezenas de cidades americanas tentaram (e fracassaram) na criação de impostos do tipo nos últimos anos. Em novembro, foi a vez de São Francisco rejeitar a medida, que passou na vizinha Berkeley - com taxação extra de 20%, o dobro da mexicana.

É este o patamar recomendado para atingir um efeito substantivo na saúde pública, de acordo com relatório recente da Associação Médica Britânica.

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