Economia

Importador chinês tenta revender soja do Brasil para os EUA

China passa por uma redução de demanda, devido à gripe aviária


	Colheitas de soja: oferta extra nos EUA pode pressionar os preços na bolsa de Chicago, onde o contrato para entrega em maio subiu cerca de 3 por cento nos últimos 3 dias
 (Paulo Fridman/Bloomberg)

Colheitas de soja: oferta extra nos EUA pode pressionar os preços na bolsa de Chicago, onde o contrato para entrega em maio subiu cerca de 3 por cento nos últimos 3 dias (Paulo Fridman/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 20 de março de 2014 às 11h27.

Pequim - Uma grande empresa chinesa compradora de soja está tentando revender carregamentos que deverão ser exportados do Brasil em abril e maio, em meio a uma redução de demanda na China devido à gripe aviária, com a expectativa de que os Estados Unidos receberão os carregamentos, disse um executivo da companhia.

A importadora chinesa está negociando para revender cinco ou seis carregamentos de soja brasileira, equivalentes a cerca de 360 mil toneladas, para o mercado norte-americano, onde os estoques tem estado apertados devido a um inverno rigoroso e recentes compras volumosas pela China, disse a fonte, falando sob a condição da empresa não ser identificada.

"Ainda estamos negociando preços. Eu acredito que todas as cargas serão vendidas ao mercado dos EUA --é só uma questão de preço", disse o executivo, acrescentando que a companhia já havia revendido para os Estados Unidos quatro carregamentos de soja da América do Sul com embarque no final de março. Os carregamentos geralmente são de 55 mil a 60 mil toneladas.

A oferta extra nos EUA pode pressionar os preços na bolsa de Chicago, onde o contrato para entrega em maio subiu cerca de 3 por cento nos últimos 3 dias.

Os compradores na China, maior país importador de soja, já cancelaram até 600 mil toneladas em carregamentos de soja da América do Sul para embarque entre março e maio, devido a margens negativas no esmagamento, em meio a uma demanda fraca, disseram operadores na semana passada.

O executivo disse que ao vender para o mercado dos EUA, iria conseguir reduzir suas perdas para abaixo de 100 iuanes (16,14 dólares) por tonelada, comparado a cerca de 600-700 iuanes que perderia vendendo a soja no mercado doméstico chinês.

Estados Unidos e Brasil são os maiores produtores globais de soja, com a China comprando cerca de 60 por cento de todo o volume negociado no mercado internacional.


A China normalmente volta-se para a América do Sul em busca de soja a partir de fevereiro, mas preocupações com o congestionamento nos portos e eventuais atrasos na colheita no Brasil fizeram a China agendar um volume maior de carregamentos dos EUA para o mês de março.

Gripe aviária

A demanda chinesa por farelo de soja, usado na alimentação de aves e principal produto do esmagamento da soja, foi afetada por surtos de gripe aviária, que fez o apetite pelo ingrediente da ração cair em 20 a 30 por cento no período de fevereiro e março, comparado com meses normais, segundo analistas.

Um surto de gripe aviária em janeiro na província de Guangdong, no sul do país, forçou granjas a reduzirem a recomposição de estoques, após grandes perdas no ano passado, quando milhões de aves foram abatidas.

As importações de soja pela China no primeiro trimestre do ano estão previstas para atingir um recorde trimestral de quase 16 milhões de toneladas, com grandes vendas dos Estados Unidos, segundo dados de um centro de pesquisas oficial da China.

"Não podemos cancelar carregamentos dos Estados Unidos que já estão navegando no mar", disse o executivo da importadora chinesa.

Ele acrescentou que os compradores chineses têm tentado atrasar as entregas de até 30 carregamentos da América do Sul em um mês, a partir de março.

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