"Nem 8 nem 80. Não dá para ignorar o impacto do choque externo na nossa inflação, mas também não é 80", afirmou ele na abertura do Seminário de Metas para a Inflação, organizado pelo BC no Rio de Janeiro.
Impacto do choque externo na inflação não é "8 nem 80", diz BC
"O movimento é puxado principalmente pela normalização das taxas de juros nos EUA", disse Ilan Goldfajn
Clara Cerioni
Publicado em 25 de maio de 2018 às 11h25.
Última atualização em 25 de maio de 2018 às 11h28.
Rio de Janeiro - O presidente do Banco Central , Ilan Goldfajn, reafirmou nesta sexta-feira que há impacto do choque externo na inflação brasileira, mas voltou a reforçar que não existe relação mecânica com a condução da política monetária.
"É essencial entender que a política monetária não reagirá a esses impactos de forma automática, uma vez que suas implicações para a política monetária dependem da forma como o choque poderá se transmitir às expectativas, às projeções de inflação e ao balanço de riscos", afirmou.
Ele reiterou a mensagem de que choques externos devem ser combatidos apenas no impacto secundário que poderão ter na inflação prospectiva. E também repetiu que, para as próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom), o BC vê como adequada a manutenção da taxa de juros no patamar corrente, de 6,5 por cento ao ano.
Ilan apontou que o cenário externo tornou-se mais desafiador e apresentou volatilidade desde março, e voltou a dizer que o movimento é puxado principalmente pela normalização das taxas de juros nos Estados Unidos, o que tem promovido a redução do apetite ao risco em relação a economias emergentes, desvalorizando as moedas desses países em relação ao dólar.
Ilan ressaltou que essa sinalização depende, "como sempre", das condições da economia.
Em sua fala, o presidente do BC não fez menção à greve dos caminhoneiros no país e seu eventual impacto na economia, nem tampouco sobre a decisão do governo e da Petrobras de congelar por um período os preços do diesel para amainar os ânimos e encerrar as manifestações diante da escalada dos preços do combustível, embalada pela alta do dólar e do petróleo.
Pelo acordo fechado, o governo vai garantir, até o final deste ano, que os reajustes do diesel sejam feitos apenas a cada 30 dias na refinaria, com a União compensando as possíveis perdas da Petrobras, e também zerando a incidência da Cide sobre o diesel.
A atual gestão do BC sempre foi crítica em relação ao controle de preços de combustíveis praticado pelo governo da ex-presidente Dilma Rousseff como maneira de segurar o avanço de preços na economia.
Sobre a atividade econômica, Ilan limitou-se e repetir a avaliação de que os últimos indicadores mostram arrefecimento num contexto de recuperação consistente, mas gradual.