Notas de real: se antes via o Produto Interno Bruto do país podendo cair 4,5% este ano, agora a instituição projeta queda de 3,3% (Uelder-ferreira/Thinkstock)
Da Redação
Publicado em 19 de junho de 2016 às 11h11.
Genebra - O Instituto Internacional de Finanças (IIF), formado por mais de 500 instituições financeiras e com sede em Washington, melhorou as projeções para a economia brasileira.
Se antes via o Produto Interno Bruto (PIB) do país podendo cair 4,5% este ano, agora a instituição projeta queda de 3,3%. Para 2017, a estimativa é de avanço de 1%, também melhor do que a alta de 0,5% que se esperava antes do afastamento de Dilma Rousseff. O IIF alerta, porém, que riscos, principalmente políticos, seguem rondando a economia brasileira.
"As perspectivas para o Brasil estão melhorado para 2017 na esperança de que o novo governo seja capaz de empreender um ajuste fiscal e crie espaço para o relaxamento da política monetária", afirma o economista-chefe do IIF, Charles Collyns, em um relatório. A mudança política no Brasil, com o presidente em exercício Michel Temer assumindo o comando do país, ressalta o economista, melhorou a confiança dos agentes.
"Enquanto Temer assumiu o governo ainda em caráter temporário, parece já ter reduzido a paralisia política (no país)", afirma o economista para América Latina do IIF, Ramón Aracena. A parte do relatório do IIF destinada ao Brasil recebeu o título "um vislumbre de esperança".
O IIF avalia que Temer conseguiu reunir uma equipe econômica "respeitável" e anunciou algumas medidas que soam "como música nos ouvidos para os investidores".
Entre as medidas, o relatório do IIF cita a intenção de reformar a previdência e criar um teto para o aumento do gasto público a partir de 2017. Além disso, mencionam a intenção de redefinir o papel do crédito subsidiado do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e aumentar a participação do setor privado na infraestrutura.
"A ampla capacidade ociosa na indústria abre espaço para uma recuperação rápida se o governo conseguir restaurar os níveis de confiança", afirma Aracena. "Uma melhora do conjunto de políticas econômicas ajudaria a estabilizar a economia, melhoraria a confiança e permitiria um crescimento ao redor de 1% (em 2017)."
O fortalecimento do real e a queda nas expectativas para a inflação devem levar o Banco Central a cortar os juros na segunda metade do ano, ressalta Aracena. Do nível atual de 14,25%, o economista projeta que a Selic termine 2016 em 13,25% e recue para 11% no segundo trimestre de 2017.
Riscos
Apesar da melhora da percepção do país, o IIF alerta para o fato de que incertezas ainda permanecem no cenário político em Brasília e riscos rondam o país. A turbulência política pode dificultar a aprovação de reformas econômicas pela frente, destaca Aracena. Por isso, é preciso que Temer consiga entregar medidas necessárias o quanto antes.
Outra fonte de risco apontada pelo IIF vem dos avanços "imprevisíveis" das investigações da Operação Lava Jato, que podem provocar ainda mais instabilidade política, dificultando a governabilidade. Há ainda incertezas pelo lado externo, que incluem possíveis elevações de juros nos Estados Unidos e transição na economia da China.
A melhora esperada para o Brasil em 2017 pode fazer a América Latina voltar a crescer, depois de dois anos com PIB em contração, de acordo com o IIF. A projeção é de que a região avance 1,8% no ano que vem, depois de encolher 1% em 2016 e 1,1% no ano passado.