Economia

Iêmen não se tornará Estado falido, diz presidente

A oposição avisou, no entanto, que os ataques de forças leais ao presidente podem desencadear uma guerra civil; violência prejudica as perspectivas de solução política

Ali Abdullah Saleh, presidente do Iêmen, continua disposto a assinar intermediado pelo Golfo para terminar seu governo (Mohammed Huwais/AFP)

Ali Abdullah Saleh, presidente do Iêmen, continua disposto a assinar intermediado pelo Golfo para terminar seu governo (Mohammed Huwais/AFP)

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Da Redação

Publicado em 25 de maio de 2011 às 21h11.

Sanaa - O presidente do Iêmen, Ali Abdullah Saleh, disse na quarta-feira que o país não se tornará um Estado falido nem será arrastado para dentro de uma guerra civil, apesar dos confrontos acirrados na capital com membros armados de tribos que estão tentando forçá-lo a deixar o poder.

Saleh, que governa há quase 33 anos o Iêmen, país da Península Arábica cheio de divisões, disse que continua disposto, em princípio, a assinar o acordo mediado pelo Golfo para encerrar seu governo, acordo do qual recuou na segunda-feira. Mas falou que não fará mais concessões.

"O Iêmen, espero, não se tornará um Estado falido ou uma nova Somália. A população ainda está ansiosa por uma transição pacífica do poder", disse ele à Reuters em entrevista.

O presidente, de 69 anos, manifesta a confiança de um homem que governa um dos países mais difíceis do mundo. Com os olhos brilhando de orgulho e o peito estufado, ele disse que não deixará o Iêmen depois de renunciar.

Forças iemenitas leais a Saleh vêm travando batalhas campais acirradas em Sanaa, desde segunda-feira, contra guardas de uma federação tribal poderosa cujos líderes tomaram o partido dos manifestantes que exigem o fim do governo de Saleh. Pelo menos 39 pessoas morreram nos enfrentamentos.

A oposição avisou que os ataques de forças leais ao presidente podem desencadear uma guerra civil, e a violência prejudicou fortemente as perspectivas de uma solução política para a revolta que começou há quase quatro meses, inspirada nos protestos que derrubaram os líderes do Egito e da Tunísia.

"O que aconteceu foi um ato de provocação para nos arrastar para uma guerra civil, mas ele é limitado aos filhos de Ahmar. Eles carregam a responsabilidade por derramar o sangue de civis inocentes", disse Saleh a órgãos de mídia selecionado, entre ele a Reuters.

"Até este segundo, estão atacando o Ministério do Interior. Mas não queremos ampliar o confronto."


Os choques, que ocorreram em ruas protegidas por barreiras de sacos de areia cercando a mansão do líder tribal Sadiq al-Ahmar, eclodiram depois de, no domingo, Saleh ter se recusado na última hora a assinar um pacto mediado pelo Golfo que previa sua saída suave do poder no prazo de um mês.

"Somos constantes. Estamos suportando os choques provocados pelo que fizeram os filhos de Al-Ahmar - os ataques contra instituições do Estado, a imprensa, o Ministério da Indústria e o Ministério do Interior", disse.

"Eles escolheram isto e tomaram a decisão errada de confrontar o Estado com este tipo de violência."

Ainda aberto a um acordo

Saleh vem recusando acordos anteriores, mas sua reviravolta no domingo parece ter sido a mais contundente e se deu depois de homens armados leais a seu regime terem cercado diplomatas ocidentais e árabes dentro da embaixada dos Emirados Árabes Unidos durante horas.

Saleh disse que o acordo ainda está sobre a mesa. "Estou disposto a assinar, dentro de um diálogo nacional e com um mecanismo claro. Se o mecanismo for correto, assinaremos o acordo de transição do poder e abriremos mão do poder", disse.

"Não haverá mais concessões a partir de hoje", disse ele em seu palácio presidencial fortemente vigiado, cercado por assessores em ternos escuros.

Saleh disse que não tem planos de sair do Iêmen quando deixar o poder e que não tem medo de represálias legais. O acordo mediado pelo Golfo que ele vem resistindo em assinar lhe garantiria imunidade judicial, assegurando uma transição com dignidade.

"Vou permanecer no Iêmen. Vou presidir sobre meu partido e farei parte da oposição", disse ele.

"Quem vai processar quem? Sou um cidadão normal. Farei a transferência do poder se eles (a oposição) vierem para a mesa de diálogo pacificamente."

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