Economia

Idade do Ouro do carvão pode estar chegando ao fim, diz AIE

A Agência Internacional de Energia avalia em seu relatório anual sobre o setor que o planeta consumirá 5,8 bilhões de toneladas de carvão em 2020


	Carvão: "Dados oficiais provisórios mostram que a demanda chinesa do carvão retrocedeu em 2014 e que esta baixa pode se acelerar em 2015"
 (Christopher Furlong/Getty Images)

Carvão: "Dados oficiais provisórios mostram que a demanda chinesa do carvão retrocedeu em 2014 e que esta baixa pode se acelerar em 2015" (Christopher Furlong/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 18 de dezembro de 2015 às 13h28.

A produção energética mundial pode estar saindo da idade do carvão, devido à menor demanda chinesa e à ascensão de energias renováveis como alternativas a este combustível fóssil altamente poluente, indicou a AIE.

A Agência Internacional de Energia (AIE) avalia em seu relatório anual sobre o setor, publicado nesta sexta-feira, que o planeta consumirá 5,8 bilhões de toneladas de carvão em 2020, 500 milhões de toneladas a menos que em sua avaliação precedente.

O crescimento anual da demanda de carvão, que alcançou uma média de 3,3% entre 2010 e 2013, desacelerará a uma média anual de 0,8% até 2020, afirma o documento, publicado menos de uma semana após o acordo de luta contra as mudanças climáticas selado em Paris por 195 países (COP21).

Além disso, a parte relativa ao carvão na produção de eletricidade diminuirá, passando de 41% a 37% do total.

A tendência já é visível. "Pela primeira vez desde os anos 1990, o crescimento da demanda mundial de carvão se deteve em 2014", constata a agência energética, ao considerar inclusive provável um recuo neste ano.

Para a AIE, duas razões principais explicam esta inflexão: o reforço das políticas ambientalistas, que se reflete em acordos com o da COP21, e sobretudo a reconversão econômica da China, que consome atualmente a metade dos recursos mundiais de carvão.

O gigante asiático, que também registra uma desaceleração de seu crescimento econômico, está desenvolvendo uma economia baseada principalmente nos serviços, em detrimento de uma indústria pesada voraz em matéria de recursos energéticos.

O governo chinês também enfrenta desafios ambientais de grandes proporções e se vê pressionado para buscar alternativas ao carvão, afirmou o diretor-executivo da AIE, Fatih Birol, em uma coletiva de imprensa em Cingapura.

No início do mês, Pequim anunciou um plano de modernização de suas centrais de carvão, que permitirá economizar 100 bilhões de toneladas de combustível e evitar a emissão anual de 180 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2).

A China também desenvolve em ritmo acelerado fontes alternativas de energia, como a hidroeletricidade, a energia solar, a fotovoltaica e a nuclear.

"Dados oficiais provisórios mostram que a demanda chinesa do carvão retrocedeu em 2014 e que esta baixa pode se acelerar em 2015", ressalta a AIE.

O carvão também pesa cada vez menos nos países desenvolvidos da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômicos (OCDE), especialmente na Europa e nos Estados Unidos.

Isso se deve ao efeito conjugado de instalações que envelhecem, uma frágil demanda elétrica, a instauração de taxas ao carbono e o apoio às energias renováveis, cada vez mais competitivas.

No mês passado, vários países da OCDE decidiram limitar seus apoios financeiros às exportações de centrais de carvão.

Índia, uma exceção

Em outras regiões, a saída do carvão se anuncia como mais difícil.

Isso ocorre, em particular, na Índia e nos países do sudeste asiático (Indonésia, Vietnã, Malásia, etc...), que serão o principal motor do crescimento do consumo de carvão nos próximos anos, segundo a AIE.

As autoridades indianas consideram efetivamente que este combustível é indispensável para sustentar o crescimento industrial do país e garantir o acesso à eletricidade de 240 milhões de habitantes ainda privados.

"A Índia se converterá no segundo consumidor mundial de carvão, à frente de Estados Unidos, e no primeiro importador de carvão térmico", embora este impulso seja insuficiente para contrabalançar a tendência geral, afirma a Agência Internacional de Energia.

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