Ministro da Fazenda anuncia medidas para alavancar crédito barato no Brasil (Washington Costa/MF/Flickr)
Agência de notícias
Publicado em 2 de agosto de 2023 às 11h57.
Última atualização em 2 de agosto de 2023 às 12h15.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quarta-feira, 2, que o governo federal está trabalhando em iniciativas para alavancar o crédito barato no Brasil para o futuro. Em entrevista ao programa "Bom dia, Ministro", da TV Brasil, Haddad citou algumas medidas do governo federal nesse sentido, com destaque para o programa de renegociação de dívidas "Desenrola" e a redução de juros para crédito consignado, que segundo o ministro teve "adesão total" dos bancos.
Haddad também lembrou da aprovação do Marco de Garantias pelo Senado Federal em julho, que, segundo ele, "revoluciona o crédito no Brasil" e vai diminuir os spreads bancários.
"O marco aumenta a chance dos credores recuperarem o crédito e a contrapartida disso é justamente uma redução do spread, que é o juro para além da captação", explicou o ministro.
Na entrevista, Haddad também destacou que o governo está fazendo uma "gestão enorme" para que haja redução na taxa básica de juros, a Selic.
"Precisamos sanar o estoque de dívidas que foi herdado de 2002: estamos falando de 72 milhões de CPFs negativados. Eu quero crer que nunca houve na história do País um legado tão ruim de crédito", comentou o ministro.
O ministro afirmou que a maior parte do mercado financeiro aposta em um corte de 0,50 ponto porcentual na Selic na reunião desta quarta-feira, 2, do Comitê de Política Monetária (Copom).
"No mercado tem gente falando até em queda de 0,75 p.p., mas ninguém espera manutenção da taxa, não existe um economista com reputação que possa defender manutenção", disse Haddad. "E não falo nem nem de políticos, porque eles políticos gostariam de uma redução de 1,0 ponto, como aconteceu no Chile na semana passada", emendou.
Na avaliação do ministro, a redução da taxa de juro hoje terá impacto sobre os investimentos de longo prazo no País. "Um investidor que vai tomar decisão agora, olha para a taxa de juro no longo prazo, faz as contas e começa a verificar que talvez não seja tão vantajoso manter o dinheiro guardado e que, se ele expandir operações, vai ganhar mais dinheiro no futuro", disse.
Haddad afirmou que o crédito rotativo é o "maior problema de juro" no País hoje. "Você entra em uma roda viva da qual não consegue sair", disse. Para resolver o problema, Haddad disse que o governo federal, os bancos e o varejo estão "sentados em uma mesa" para discutir soluções.
"Você tem um mecanismo que, se a parcela é paga em dia você está salvo. Mas se tiver uma emergência qualquer, e estamos cheios de imprevistos na vida, e você não paga a parcela você cai nesse juro absurdo. Como a pessoa vai pagar 400% ao ano? Não tem razoabilidade", questionou.
Haddad disse que a ideia é solucionar o problema a partir de uma transição para um sistema "mais saudável" do que esse. "Desde que me conheço por gente, o problema do cartão de crédito é cruel no Brasil", comentou.