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Guerrilhas ajudam a reduzir oferta mundial de petróleo

Rússia, Arábia Saudita e outras potências estão tentando congelar produção, mas são guerrilhas, rebeldes e militantes que têm conseguido atingir este objetivo

Rebeldes na Líbia: conflitos armados paralisam produção de petróleo, um feito que não foi alcançado por meio de acordo entre grandes produtores. (Mahmud Turkia / AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 29 de abril de 2016 às 17h58.

As guerrilhas de esquerda na Colômbia , os rebeldes na Líbia e os militantes na Nigéria estão tendo sucesso onde os maiores produtores de petróleo do mundo fracassaram, ajudando a não aumentar o excedente de 1,5 milhão.

Arábia Saudita, Rússia e outros grandes produtores não conseguiram chegar a um acordo para congelar a produção no início deste mês, mas as interrupções provocadas por fatores como ataques a oleodutos e paralizações de campos retiraram 800.000 barris por dia da oferta de petróleo bruto neste ano, de acordo com a FGE, empresa de consultoria do setor de energia.

Em um momento em que a queda dos preços do petróleo reduz a receita dos produtores, em algumas regiões do mundo eles enfrentam dificuldades para manter o fluxo da oferta, segundo o Citigroup.

“A verdade é que o excesso de oferta no mercado é muito limitado”, disse Ed Morse, diretor de pesquisa sobre commodities do Citigroup. “Existe uma tendência maior a interrupções da oferta em países petrolíferos vulneráveis”.

Uma iniciativa dos maiores países produtores de petróleo para fechar um acordo de congelamento da produção fracassou depois que uma reunião, realizada entre membros da Opep e países de fora do grupo, no dia 17 de abril em Doha, no Catar, finalizou sem chegar a uma conclusão.

“O foco em Doha não levou em conta os maiores problemas não tratados na reunião”, disse Morse, referindo-se às interrupções da produção que contribuíram para impulsionar o aumento dos preços desde fevereiro.

“Líbia e Nigéria são imprevisíveis, são assim atualmente e sempre serão”, disse John Driscoll, estrategista-chefe da JTD Energy Services, que passou mais de 30 anos negociando petróleo em Cingapura.

“Não podemos ignorá-los da perspectiva dos fundamentos porque esses distúrbios, ataques, sabotagens e explosões intensificam a descontinuidade da produção. É preciso levá-los em conta no mercado”.

Distúrbios

O preço do petróleo Brent, referência para mais de metade do petróleo mundial, também ilustra o impacto das interrupções.

O barril de carregamentos para entrega imediata ficou 29 centavos de dólar mais caro do que as últimas remessas devido a uma estrutura de mercado chamada backwardation, que costuma indicar insuficiência da oferta.

Os contratos a curto prazo estavam com desconto, ou contango, no início deste ano.

A África não é o único lugar a sofrer distúrbios.

Ataques realizados por guerrilhas marxistas também interromperam a oferta da Colômbia, onde a produção caiu para 916.000 barris por dia em março, uma redução de 8 por cento em relação ao patamar registrado em dezembro.

As exportações diárias de petróleo bruto do país caíram 14 por cento em relação ao mês anterior, para cerca de 622.000 barris em março, segundo um relatório de remessas, a alfândega dos EUA e dados de monitoramento de remessas compilados pela Bloomberg.

Alvo fácil

“Oleodutos e instalações na superfície em áreas remotas dificultam a proteção e a segurança contra ataques de parte dessa infraestrutura, considerando a história contínua de distúrbios civis em alguns desses países”, disse Tushar Tarun Bansal, consultor sênior em Cingapura da FGE. “Se um oleoduto passa por perto, ele será um alvo fácil”.

Ao mesmo tempo, a oferta do Iraque também foi afetada, os campos do Mar do Norte da Europa estão se preparando para fechar por manutenção e a crise do setor energético prejudicou a extração em países como os EUA e a Venezuela.

A Agência Internacional de Energia estima que o excedente de petróleo se reduzirá em 87 por cento, para 200.000 barris por dia, no segundo semestre de 2016 porque a produção de países de fora da Opep registra a maior queda em 25 anos.

“As interrupções não programadas criaram reduções da oferta que eram necessárias para acabar com o excedente”, disse Peter Lee, analista da BMI Research, do Fitch Group.

O congelamento da produção poderia “gerar certo impacto sobre a confiança do mercado no curto prazo, mas o que impulsiona os preços no longo prazo é o que acontece com a oferta real”.

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As guerrilhas de esquerda na Colômbia , os rebeldes na Líbia e os militantes na Nigéria estão tendo sucesso onde os maiores produtores de petróleo do mundo fracassaram, ajudando a não aumentar o excedente de 1,5 milhão.

Arábia Saudita, Rússia e outros grandes produtores não conseguiram chegar a um acordo para congelar a produção no início deste mês, mas as interrupções provocadas por fatores como ataques a oleodutos e paralizações de campos retiraram 800.000 barris por dia da oferta de petróleo bruto neste ano, de acordo com a FGE, empresa de consultoria do setor de energia.

Em um momento em que a queda dos preços do petróleo reduz a receita dos produtores, em algumas regiões do mundo eles enfrentam dificuldades para manter o fluxo da oferta, segundo o Citigroup.

“A verdade é que o excesso de oferta no mercado é muito limitado”, disse Ed Morse, diretor de pesquisa sobre commodities do Citigroup. “Existe uma tendência maior a interrupções da oferta em países petrolíferos vulneráveis”.

Uma iniciativa dos maiores países produtores de petróleo para fechar um acordo de congelamento da produção fracassou depois que uma reunião, realizada entre membros da Opep e países de fora do grupo, no dia 17 de abril em Doha, no Catar, finalizou sem chegar a uma conclusão.

“O foco em Doha não levou em conta os maiores problemas não tratados na reunião”, disse Morse, referindo-se às interrupções da produção que contribuíram para impulsionar o aumento dos preços desde fevereiro.

“Líbia e Nigéria são imprevisíveis, são assim atualmente e sempre serão”, disse John Driscoll, estrategista-chefe da JTD Energy Services, que passou mais de 30 anos negociando petróleo em Cingapura.

“Não podemos ignorá-los da perspectiva dos fundamentos porque esses distúrbios, ataques, sabotagens e explosões intensificam a descontinuidade da produção. É preciso levá-los em conta no mercado”.

Distúrbios

O preço do petróleo Brent, referência para mais de metade do petróleo mundial, também ilustra o impacto das interrupções.

O barril de carregamentos para entrega imediata ficou 29 centavos de dólar mais caro do que as últimas remessas devido a uma estrutura de mercado chamada backwardation, que costuma indicar insuficiência da oferta.

Os contratos a curto prazo estavam com desconto, ou contango, no início deste ano.

A África não é o único lugar a sofrer distúrbios.

Ataques realizados por guerrilhas marxistas também interromperam a oferta da Colômbia, onde a produção caiu para 916.000 barris por dia em março, uma redução de 8 por cento em relação ao patamar registrado em dezembro.

As exportações diárias de petróleo bruto do país caíram 14 por cento em relação ao mês anterior, para cerca de 622.000 barris em março, segundo um relatório de remessas, a alfândega dos EUA e dados de monitoramento de remessas compilados pela Bloomberg.

Alvo fácil

“Oleodutos e instalações na superfície em áreas remotas dificultam a proteção e a segurança contra ataques de parte dessa infraestrutura, considerando a história contínua de distúrbios civis em alguns desses países”, disse Tushar Tarun Bansal, consultor sênior em Cingapura da FGE. “Se um oleoduto passa por perto, ele será um alvo fácil”.

Ao mesmo tempo, a oferta do Iraque também foi afetada, os campos do Mar do Norte da Europa estão se preparando para fechar por manutenção e a crise do setor energético prejudicou a extração em países como os EUA e a Venezuela.

A Agência Internacional de Energia estima que o excedente de petróleo se reduzirá em 87 por cento, para 200.000 barris por dia, no segundo semestre de 2016 porque a produção de países de fora da Opep registra a maior queda em 25 anos.

“As interrupções não programadas criaram reduções da oferta que eram necessárias para acabar com o excedente”, disse Peter Lee, analista da BMI Research, do Fitch Group.

O congelamento da produção poderia “gerar certo impacto sobre a confiança do mercado no curto prazo, mas o que impulsiona os preços no longo prazo é o que acontece com a oferta real”.

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