Economia

Guedes sinaliza a empresários que pode liberar crédito à saúde e educação

Em reunião, ministro reconheceu que os setores ficaram sem atenção do governo e demonstrou preocupação com a elevada inadimplência dessas atividades

Saúde: Hospitais privados também sentiram a crise por meio do aumento do custo com insumos e da queda nas receitas (Germano Lüders/Exame)

Saúde: Hospitais privados também sentiram a crise por meio do aumento do custo com insumos e da queda nas receitas (Germano Lüders/Exame)

CC

Clara Cerioni

Publicado em 13 de junho de 2020 às 09h30.

Última atualização em 14 de junho de 2020 às 14h54.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, sinalizou em reunião com empresários de comércio e serviços para a possibilidade de discutir linhas de crédito específicas para os setores de saúde e educação como uma forma de minimizar o impacto da pandemia do novo coronavírus sobre esses segmentos.

Segundo relatos de dois participantes, o ministro reconheceu que os setores ficaram sem atenção do governo num primeiro momento e demonstrou preocupação com a elevada inadimplência relatada pelos representantes dessas atividades.

A inadimplência no pagamento de mensalidades do ensino superior subiu 75% entre abril e maio, de acordo com uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira das Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes) em parceria com a consultoria Educa Insights.

Hospitais privados também sentiram a crise por meio do aumento do custo com insumos e da queda nas receitas devido à redução no número de atendimentos, diante da recomendação do Ministério da Saúde para adiar cirurgias e exames sem urgência ou relação com a covid-19.

Guedes então propôs a criação de grupos de trabalho para debater a viabilidade de contemplar os setores com linhas de crédito especiais, sem citar detalhes de como elas poderiam funcionar. A princípio seriam três grupos, um para saúde e dois para educação (um para empresas com faturamento até R$ 300 milhões e outro para companhias com receita bruta acima disso).

Receio por irmã

Ainda de acordo com os relatos, o ministro disse que ficou com receio de agir mais cedo para ajudar esses setores e ser acusado de favorecer um segmento no qual já investiu (educação) e que reúne pessoas próximas a ele. A presidente da Associação Nacional das Universidades Particulares (Anup), Elizabeth Guedes é irmã do ministro.

Na reunião, o ministro também demonstrou preocupação com a situação dos estudantes que contrataram financiamentos estudantis para poder frequentar a universidade. O temor é de que esses jovens, ao se graduarem, enfrentem maior dificuldade para encontrar emprego e obter renda para pagar a dívida contraída.

Guedes voltou a defender a retirada de encargos sobre a folha de pagamento como medida para alavancar contratações no pós-crise.

O ministro também acenou aos empresários com uma prorrogação do prazo máximo para que empresas e trabalhadores com carteira assinada adotem a suspensão de contratos ou redução de jornada e salário, com pagamento de uma compensação pelo governo.

Como antecipou o Estadão/Broadcast (ssitema de notícias em tempo real do Grupo Estado), o prazo da suspensão de contrato deve passar de 60 dias (dois meses) para 120 dias (quatro meses). Já o período limite para redução de jornada e salário deve aumentar de 90 dias (três meses) para 120 dias (quatro meses).

Acompanhe tudo sobre:CoronavírusEducaçãoPaulo GuedesSaúde

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor