Economia

Guedes se mostra otimista com pacote de reformas

Ministro diz ter aprendido com reforma da Previdência e afirma que novas propostas estão "mais ou menos" encaminhadas

Paulo Guedes: ministro comemorou resultados econômicos e se disse otimista com a tramitação da nova etapa de reformas (Patricia Monteiro/Bloomberg)

Paulo Guedes: ministro comemorou resultados econômicos e se disse otimista com a tramitação da nova etapa de reformas (Patricia Monteiro/Bloomberg)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 9 de novembro de 2019 às 12h15.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu ontem o conjunto de propostas de reformas anunciado pelo governo federal na última terça-feira, e entregue ao Congresso Nacional, e destacou o apoio do presidente Jair Bolsonaro no processo. Em palestra de mais de uma hora durante um seminário no Rio de Janeiro, Guedes comemorou resultados positivos da economia do País e ainda demonstrou otimismo com a tramitação da nova etapa de reformas no Legislativo.

"Essa reforma não vai ser como a Previdência, que teve um corte grande, porque está sendo feita junto com o Congresso. O aprendizado nosso foi esse. Em vez de jogar R$ 1 trilhão e não sei quanto (valor do impacto fiscal original da proposta de reforma da Previdência), fomos conversando (com o Congresso). Demora um pouquinho mais, mas está tudo mais ou menos entendido e mais ou menos encaminhado", afirmou Guedes, já na parte final da palestra de 1h10 com a qual encerrou o seminário Reavaliação do Risco Brasil, organizado pelo Centro de Economia Mundial (CEM) da Fundação Getulio Vargas (FGV), no Rio.

O ministro aproveitou a narrativa sobre a história da economia e a trajetória que criou os problemas econômicos do País para defender o programa econômico do governo. Segundo Guedes, a ideia de seu programa econômico é "completar" a transição para uma economia mais aberta, atacando as causas dos problemas econômicos. Estratégia diferente, portanto, de políticas econômicas de governos anteriores, que, com diversas medidas, teriam focado mais nos "sintomas", como no uso do congelamento de preços para enfrentar a inflação galopante.

"Nosso programa não é para gerar um superávit primário, não é para fechar as contas com alta de imposto. Queremos fazer a transformação do Estado brasileiro", afirmou Guedes durante a palestra, já que o ministro deixou o auditório do Centro Cultural da FGV, em Botafogo, zona sul da capital fluminense, sem dar entrevista à imprensa. "Não vou combater sintomas, vou combater as causas", completou o ministro.

No conjunto de medidas para reformar a gestão do Orçamento público e as regras da política fiscal, por exemplo, um dos objetivos é deixar um "legado de responsabilidade fiscal", disse Guedes. "Tínhamos a Lei de Responsabilidade Fiscal (aprovada no ano 2000, pouco após o segundo governo Fernando Henrique Cardoso introduzir o "tripé macroeconômico", formado pelo câmbio flutuante, as metas de inflação e as metas de superávit fiscal), mas não a cultura de responsabilidade", afirmou o ministro.

Guedes também destacou o apoio do presidente Bolsonaro ao conjunto de propostas de reformas. O ministro exaltou a "determinação" e a "firmeza" do presidente, após lembrar que a atuação política de Bolsonaro levou a uma flexibilização natural no processo de construção das medidas. Como exemplo, Guedes disse que a ideia original era desindexar, desobrigar e desvincular todas as despesas públicas, sem distinção, mas reconheceu que essa proposta só sobrevivia na "sala de aula". "Nada disso seria possível sem ele", afirmou Guedes sobre Bolsonaro.

Guedes também comemorou resultados positivos na economia. O ministro mencionou principalmente indicadores do mercado de crédito. Os juros, por exemplo, já vinham caindo no governo Michel Temer, na gestão de Ilan Goldfajn à frente do Banco Central (BC), na esteira da redução da taxa básica (Selic, hoje em 5,0% ao ano). Só que, segundo Guedes, o movimento vinha se refletindo apenas nos títulos (públicos e privados) de prazo mais curto. Agora, no governo Bolsonaro, os juros dos títulos de prazo mais longo também estão em queda - nas palavras de Guedes, "o juro longo finalmente capotou para 6% ao ano".

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