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Guardia diz que teto ‘tira o sono’ e vê margem menor para erro

Para o economista, o debate mais importante neste momento é sobre a qualidade do gasto público e como ele será acomodado sob o teto ao longo do tempo

Eduardo Guardia: ex-ministro da Fazenda e CEO da BTG Pactual Asset Management (Wilson Dias/Agência Brasil)
FS

Fabiane Stefano

Publicado em 30 de outubro de 2020 às 11h21.

O ex-ministro da Fazenda e CEO da BTG Pactual Asset Management, Eduardo Guardia não vê espaço para flexibilização do teto de gastos e alerta para a necessidade de avanço na agenda reformista do governo em meio à deterioração da situação fiscal do Brasil.

O que me tira o sono não é a rolagem do Tesouro nesse período de curto prazo, mas a clareza do comprometimento com a continuidade das reformas e a manutenção do teto de gastos. O teto é uma âncora para a política econômica e fiscal, inclusive para poder sancionar um patamar de juros baixos no país.

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Guardia diz que o choque provocado pela pandemia exigiu um aumento das despesas públicas no curto prazo, mas cita que o gasto brasileiro foi comparável ao de países desenvolvidos, apesar do nível de endividamento maior do país. “Nosso ponto de partida é muito delicado, porque já vínhamos de uma situação fiscal complexa desde 2015”, disse. “A margem de manobra para cometer erro daqui para frente é muito menor.”

Para Guardia, o debate mais importante neste momento é sobre a qualidade do gasto público e como ele será acomodado dentro do teto ao longo do tempo. “Nós gastamos R$ 16 bilhões, R$ 20 bilhões por ano com emendas parlamentares. Neste momento, o que é mais importante? Emenda parlamentar ou transferência de renda? Essa é a discussão que precisa ser feita”, disse.

Em relação às reformas, Guardia acredita que as eleições municipais e a sucessão na presidência da Câmara e do Senado devem prejudicar o andamento de algumas das principais discussões no Congresso. E sugere “estratégia, foco e persistência” para o avanço de pautas como a PEC Emergencial, que assegura o cumprimento do teto de gastos com medidas de ajuste fiscal, como redução de jornada e salário de servidores.

Se o Brasil fizer a lição de casa e arrumar o lado fiscal, é “possível e absolutamente esperado” que consiga manter a inflação em patamar baixo. Ele não vê como problemática alguma normalização da taxa de juros adiante. “Não tem problema o juro ir para 5%. O que não pode é ir para 10%.”

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