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Greve reúne 3 milhões e paralisa produção na Indonésia

Os trabalhadores protestam contra os contratos temporários e reivindicam aumentos salariais

Trabalhadores protestam na Indonésia: segundo os sindicatos, se as exigências não forem atendidas, os trabalhadores seguirão em greve em outubro (Beawiharta/AFP)
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Da Redação

Publicado em 3 de outubro de 2012 às 10h32.

Jacarta - Quase 3 milhões de trabalhadores de 700 fábricas da Indonésia iniciaram nesta quarta-feira uma greve para protestar contra os contratos temporários e reivindicar aumentos salariais, uma ação que paralisou a produção em mais de 80 parques industriais.

Uma das companhias mais afetadas foi a companhia petrolífera pública Pertamina, que teve que interromper a produção de suas fábricas de gás em Jacarta e Bekasi devido à ausência de funcionários.

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Entre as exigências dos grevistas se destaca o pedido de revisão da lei que permite as empresas contratar trabalhadores temporários por períodos de um ano sem nenhum tipo de benefício - como o seguro de saúde, por exemplo.

O próprio Tribunal Constitucional da Indonésia já havia anunciado em janeiro que este tipo de contrato é inconstitucional por violar os direitos dos trabalhadores.

"Pedimos a abolição deste sistema de contrato, um aumento salarial e seguro de saúde para todos os trabalhadores já em 2014, enquanto a data prevista pelo o governo é para o ano 2019", declarou Said Iqbal, dirigente da Assembleia Indonésia do Trabalho.

A concentração mais numerosa ocorreu na cidade de Jacarta, onde 20 mil grevistas estavam reunidos. Outras manifestações de grande porte também ocorrerem em Bogor, Surabaia, Medan e Makassar, entre outras grandes cidades do arquipélago.

Segundo os sindicatos e associações, se suas exigências não forem atendidas, os trabalhadores seguirão em greves durante todo mês de outubro. A Federação dos Trabalhadores do Metal da Indonésia, por sua vez, ameaçou bloquear as estradas de Jacarta e provocar um caos logístico na capital.


Segundo dados da Agência Estatal de Estatística, a Indonésia tinha 120 milhões de trabalhadores no início do ano, enquanto a taxa de desemprego se reduziu até 6,3% da população ativa.

No entanto, aproximadamente 32 milhões de indonésios, 13% da população, vivem abaixo do nível da pobreza, segundo o Banco Mundial, e o salário mínimo atual se situa em US$ 156 ao mês.

Os grevistas consideram que este salário não é suficiente e, por isso, exigem um aumento por parte do Executivo.

"O trabalhador necessita de um salário mínimo capaz de lhe garantir uma vida digna", declarou um manifestante a uma televisão local.

Ralenti, um grevista da cidade de Bekasi, pedia para que os operários sejam tratados "como seres humanos e não como robôs" e exigia "salários apropriados e cobertura médica para todos os assalariados".

As maiores manifestações ocorreram nos polígonos industriais dos arredores de Jacarta, que concentram grande parte da atividade manufatureira do país e contam com a presença de inúmeras multinacionais.

Por causa dos maciços protestos, a Câmara de Comércio da Indonésia pediu para o Governo se posicionar do lado dos empresários, que defendem que os contratos temporários fundamentais para a saúde da economia indonésia.

Fahmi Idris, que é presidente do conselho assessor da Câmara do Comércio e apoia esse tipo de contrato, afirmou que os empregados não perdem seus trabalhos após o período temporário e acabam, na maioria dos casos, retornando à empresa matriz.

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