Economia

Greenspan eleva projeção de crescimento e mantém juro

Os dados econômicos dos Estados Unidos divulgados recentemente sugerem que a economia do país está melhorando e esses números estão de acordo com as previsões e expectativas do banco central norte-americano, afirmou nesta terça-feira Alan Greenspan, presidente do Federal Reserve (Fed). Greenspan falou ao Congresso dos EUA, "ritual" que ele cumpre duas vezes por ano. […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h42.

Os dados econômicos dos Estados Unidos divulgados recentemente sugerem que a economia do país está melhorando e esses números estão de acordo com as previsões e expectativas do banco central norte-americano, afirmou nesta terça-feira Alan Greenspan, presidente do Federal Reserve (Fed).

Greenspan falou ao Congresso dos EUA, "ritual" que ele cumpre duas vezes por ano. "Isto está em linha com nossas expectativas e, já que nossa postura de política monetária foi baseada nessas projeções, é evidente que as coisas neste estágio não estão se comportando de forma a criar incertezas de nossa parte sobre o que está acontecendo", afirmou o chairman, de acordo com a agência de notícias Reuters.

O Federal Reserve elevou suas perspectivas de crescimento da economia norte-americana em 2002 para uma margem de 3,5% a 3,75%, contra 2,5% a 3% estimados na projeção anterior. Para Greenspan, isso mostra o reinício de um ciclo de crescimento constante do país. Segundo ele, a atual expansão econômica do país é, de certa forma, similar a recuperações passadas, embora a atual não tenha experimentado a usual forte virada.

Greenspan preferiu não fazer comentários sobre o recente declínio do dólar, dizendo apenas que "a questão da atual taxa de câmbio é amplamente arbitrária, então se ela está acima ou abaixo de 1 não tem impacto econômico significativo". "Isso é tudo o que vou dizer sobre o câmbio", afirmou, acrescentando que essas questões são da responsabilidade do secretário do Tesouro dos Estados Unidos. Apesar da ressalva, Greenspan ofereceu o que ele chamou "sinal de cautela" para as estimativas de maior declínio da moeda do país. Ele disse que as medidas normalmente usadas para ajudar a explicar o comportamento do câmbio --como taxa de juros real, avanço da produtividade e déficits externos-- não parecem ser "consistentemente úteis para prever o câmbio". Greenspan afirmou que a habilidade dos Estados Unidos de atrair capital estrangeiro foi importante no aumento do investimento, que impulsionou a produtividade.

O chairman do Federal Reserve elogiou a resistência da economia dos Estados Unidos aos escândalos contábeis que derrubaram os mercados acionários, mas notou que esse e outros problemas podem levar algum tempo para serem resolvidos, sugerindo que os juros deverão ficar estáveis até que isso ocorra. Para ele, a fraca inflação dá ao Fed liberdade para manter a taxa básica de juros norte-americana em 1,75%, o menor patamar em 40 anos. Segundo ele, o BC decidiu manter esse nível até que a economia recupere-se.

Apesar de todo o discurso, Greenspan não conseguiu acalmar os mercados norte-americanos. As bolsas de valores do país estenderam as perdas após o discurso de Greenspan. Às 11h50 (horário de Brasília), o índice Dow Jones registrava queda de 1,46%, aos 8.513 pontos. O Nasdaq subia 0,51%, para 1.390 pontos, poucos minutos após atingir uma queda de 1,12%.

Emprego

Para Greenspan, a economia dos Estados Unidos verá uma melhora substancial no emprego quando o crescimento da produtividade desacelerarm para um ritmo mais sustentável.

"Nós estamos achando que a produtividade ainda está se movimentando a um ritmo realmente bastante notável", disse Greenspan ao Comitê Bancário do Senado, mencionando que os recentes aumentos da produção industrial aconteceram sem um maior crescimento no emprego.

"Não é possível que a produtividade avance no ritmo que ela avançou nos seis meses que terminaram em 31 de março e de fato, o segundo trimestre, da melhor forma que podemos julgar, mostra alguns ganhos contínuos, mas de foram alguma perto do que eles foram anteriormente", disse ele.

"Em algum ponto, esses ganhos bastante dramáticos (na produtividade) irão diminuir para um ritmo mais sustentável de longo prazo, no qual haverá uma melhora marcante no empego", acrescentou.

Governança x Congresso

Greenspan pediu que os parlamentares sejam cautelosos em qualquer ação para revisar o sistema nacional de governança corporativa em meio a uma série de escândalos contábeis em Wall Street. "O sistema está desgastado mas não está quebrado", disse Greenspan durante seu discurso diante do Comitê Bancário do Senado.

"Se nós nos esforçarmos para tentar mudar o sistema de uma forma fundamental, podemos acabar fazendo mais estragos que ajudar", alertou. Greenspan, entretanto, também disse que a lei aprovada pelo Senado na segunda-feira foi um movimento na direção certa, e mencionou que o setor privado, ao contabilizar opções de ações como despesas pode liderar o debate.

"Eu suspeito que se a questão do CEO for total e comletamente resolvida, o que nunca será porque estamos lidando com seres humanos, eu acho que o restante dos problemas desaparecerão", disse Greenspan.

Mercado imobiliário

Para Greenspan, o mercado imobiliário dos Estados Unidos é uma força econômica estabilizadora importante. "Existem basicamente três itens guiando o mercado da casa própria", disse Greenspan ao Comitê Bancário do Senado.

Ele citou as baixas taxas de juros para hipotecas, a crescente falta de espaço físico disponível para construção e a imigração, que ajuda a expandir a população.

"O aumento da formação de domicílios nos Estados Unidos é decorrente em cerca de um terço de imigração, e isso é suficiente para impulsionar a demanda sobre o sistema e sobre a capacidade de construir residências no país, que tem sido bastante pressionada", acrescentou.

Greenspan disse também ser essencial que o Congresso retome a disciplina fiscal para ajudar a economia, pedindo aos parlamentares que adotem mais medidas para liberalizar o comércio.

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