Economia

Graziano defende fim de "não trabalha, não come"

Relatório da FAO divulgado em maio informa que o desperdício de alimentos entre a produção e o consumo representa atinge cerca de 1,3 bilhão de toneladas por ano no mundo

O diretor da FAO, o brasileiro José Graziano: Graziano lamentou ainda os impactos da crise econômica internacional sobre o desenvolvimento social (Vincenzo Pinto/AFP)

O diretor da FAO, o brasileiro José Graziano: Graziano lamentou ainda os impactos da crise econômica internacional sobre o desenvolvimento social (Vincenzo Pinto/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 31 de julho de 2012 às 13h28.

Brasília - O diretor-geral do Fundo das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), José Graziano da Silva, condenou ontem (30) a crença no princípio de que quem não trabalha não come. Segundo ele, essa regra vem da antiguidade romana e não pode persistir no século 21. Ele fez a crítica pouco depois de receber o título de doutor honoris causa da Universidade Técnica de Lisboa (UTL). Graziano reiterou que é "perfeitamente possível" erradicar a fome do mundo.

Relatório da FAO divulgado em maio informa que o desperdício de alimentos entre a produção e o consumo representa atinge cerca de 1,3 bilhão de toneladas por ano no mundo, o equivalente a um terço da produção alimentar para o consumo humano.

"O desperdício na mesa dos que estão em países de renda elevada, como os da Europa, os Estados Unidos e o Canadá, daria para alimentar mais cerca de 500 milhões de pessoas", disse o diretor-geral da FAO, lembrando que o número de pessoas com fome no mundo é estimado em 900 milhões.

“[Se forem superados] o desperdício e mais as perdas que existem, a produção de hoje seria suficiente para alimentar todos [os cidadãos do mundo]”, acrescentou.

Para o diretor-geral da FAO, a "vontade política" foi o diferencial do Programa Fome Zero. “A diferença foi a vontade política de fazer. É possível erradicar a fome e é preciso tê-la na agenda como prioridade política. O que o Brasil mostrou não foi só que é possível fazê-lo, porque disso já sabíamos, mas que é possível fazê-lo muito rapidamente", disse.

Graziano lamentou ainda os impactos da crise econômica internacional sobre o desenvolvimento social. "Espero que a União Europeia consiga superar este momento de dificuldade sem ter de cortar a ajuda humanitária, sobretudo, a ajuda ao desenvolvimento", apelou.

Ao participar também ontem do Congresso Mundial de Sociologia Rural, em Lisboa, o diretor-geral da FAO desafiou os acadêmicos para que busquem soluções que levem à melhoria da qualidade de vida no campo. "Um dos grandes desafios que enfrentamos hoje é usar o conhecimento acadêmico para entender e melhorar a vida das populações rurais em todo o mundo", disse. Para isso, acrescentou, “é preciso ver a realidade fora dos muros da universidade".

Segundo ele, para que mais pessoas possam desfrutar de uma dieta saudável baseada em alimentos frescos, “é preciso reduzir os custos de transporte e armazenamento, e os resíduos e a perda de alimentos".

Acompanhe tudo sobre:AlimentosEmpregosFomeTrigo

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor