Economia

Governo pode levar câmbio para R$ 2,20, diz economista

A adoção de medidas para conter uma possível apreciação do real não foi descartarda


	Dólar: câmbio subiu do patamar de R$ 1,65 para R$ 2,00 neste ano e não ocorreu pressão de alta da inflação, diz economista
 (AFP)

Dólar: câmbio subiu do patamar de R$ 1,65 para R$ 2,00 neste ano e não ocorreu pressão de alta da inflação, diz economista (AFP)

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Da Redação

Publicado em 17 de setembro de 2012 às 19h15.

São Paulo - O coordenador do curso de Graduação da Escola de Economia de São Paulo (EESP-FGV), Nelson Marconi, afirmou que o governo poderá dar continuidade gradual à desvalorização do câmbio e poderá levá-lo para R$ 2,20 num horizonte de 12 meses. "Se o Ministério da Fazenda tiver condições, ele poderá viabilizar isso aos poucos, desde que não provoque alta da inflação", afirmou. "O secretário-executivo da pasta, Nelson Barbosa, disse que a cotação do real ante o dólar está apreciada em termos históricos e o Poder Executivo não vai deixar o câmbio se apreciar", acrescentou.

Na avaliação dele, o câmbio subiu do patamar de R$ 1,65 para R$ 2,00 neste ano e não ocorreu pressão de alta da inflação, o que deu conforto para que o governo admitisse um novo patamar para a cotação do real ante o dólar, que varia de R$ 2,00 a R$ 2,05. Segundo ele, como a economia mundial está muito fraca e não tem perspectivas de crescer de forma expressiva até 2014, é possível avaliar que o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, está certo ao dizer que o cenário externo continuará desinflacionário para o Brasil nos próximos dois anos.

"Além disso, o nível de atividade doméstica está fraco, apesar de mostrar recuperação. O País vai registrar com muita força uma expansão de 2% em 2012 e vai avançar 4% em 2013, devido sobretudo ao efeito estatístico de uma base de comparação muito baixa", ponderou o coordenador da EESP-FGV.

De acordo com Marconi, no contexto de pífia movimentação da atividade global, com excesso de produção acumulada nos estoques de indústrias pelos países avançados, ao mesmo tempo que registram taxas de desemprego elevadas, talvez os próximos 12 meses darão condições para que o governo vá testando paulatinamente um câmbio menos apreciado. "Assim como o BC aproveitou uma janela de oportunidade para reduzir os juros de 12,50% para 7,50% ao ano em um ano e nada aconteceu com o IPCA, o governo poderá também testar um novo nível para o câmbio".

"Um patamar do câmbio para R$ 2,34, por exemplo, seria importante não só para estimular a reação da produção industrial, como também para acabar com o déficit de transações correntes", destacou. Para Marconi, em função de uma perspectiva tranquila para o IPCA no próximo ano, vinda por fatores externos e também internos, como a redução dos custos de energia, a inflação poderá convergir à meta de 4,5% no fim de 2013, como apontou nesta segunda-feira (17) Nelson Barbosa. "Então, não há nenhuma necessidade de elevar os juros no próximo ano. E é bom lembrar que a taxa a 7,50% ainda é uma das maiores em nível internacional", afirmou. Os comentários de Marconi foram feitos no final do primeiro dia do Nono Fórum de Economia realizado pela Escola de Economia de São Paulo - (EESP-FGV).

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