Líderes do governo, como o ministro Guido Mantega, falam em crescimento de 2,5%, mas a previsão é vista com ceticismo pelos economistas (Sergio Moraes/Reuters)
Maurício Grego
Publicado em 18 de agosto de 2012 às 11h51.
São Paulo — Embora o Banco Central tenha divulgado uma projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,5% neste ano, o governo brasileiro já trabalha com a possibilidade de que a economia não avance mais que 2%. A afirmação é do jornal Folha de S.Paulo, que cita um assessor da equipe econômica como fonte.
A economia do país teria de crescer acima de 1,5% no segundo semestre para que o aumento do PIB chegasse a 2% neste ano. Segundo a Folha, assessores do governo já consideram isso improvável. Eles falam em crescimento entre 1,5% e 1,8% no ano, valores que coincidem com previsões de alguns economistas. Há até um relatório do Citi que prevê um crescimento de apenas 1,4%.
Se a preocupação existe no governo, ela não é expressa publicamente. Nos discursos oficiais, o tom é de otimismo. "Passamos o cabo da Boa Esperança. No segundo semestre, estaremos com economia crescendo mais do que no primeiro semestre", afirmou o ministro Guido Mantega num evento do Banco do Brasil em São Paulo.
O principal dado citado pelo governo para justificar o otimismo é o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma espécie de sinalizador do PIB. Esse índice subiu 0,75% em junho frente a maio, segundo dados dessazonalizados. É a maior variação mensal desde março de 2011, quando a expansão ficou em 1,47%.
Para os analistas, porém, o dado do IBC-Br mostra que a atividade econômica teve crescimento pífio no segundo trimestre. "O PIB do segundo trimestre deve ficar entre 0,2% e 0,3%. Os indicadores antecedentes sinalizam que o terceiro trimestre será melhor que o segundo, mas só esperamos que a economia vá crescer a um ritmo de 4% no último trimestre", diz o economista-chefe da PlannerProsper, Eduardo Velho.