Economia

Governo espera crescimento de mais de 1% se Previdência sair

Segundo fonte da equipe econômica, fatores como sinais positivos sobre a tomada de crédito e a alta das commodities contribuem para a recuperação

Real: "Ao longo deste ano, vamos colocar 0,5 por cento do PIB na economia (com a medida)" (Divulgação/Thinkstock)

Real: "Ao longo deste ano, vamos colocar 0,5 por cento do PIB na economia (com a medida)" (Divulgação/Thinkstock)

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Reuters

Publicado em 2 de fevereiro de 2017 às 14h18.

Última atualização em 2 de fevereiro de 2017 às 14h18.

Brasília - O crescimento econômico do Brasil surpreenderá em 2017 e vai superar 1 por cento se, sobretudo, a reforma da Previdência sair do papel, afirmou à Reuters uma fonte do primeiro escalão da equipe econômica do governo. Caso contrário, o país continuará em recessão, acrescentou.

"Estou mais otimista do que há três meses", afirmou a fonte sob condição de anonimato. "Na minha visão, (a economia) cresce mais de 1 por cento em 2017. Mas se não der certo, vai para recessão", acrescentou.

A reforma da Previdência, que já foi endereçada pelo governo ao Congresso Nacional, é o divisor de águas neste caso, por ser fundamental para colocar as contas públicas do país em ordem. O otimismo da fonte se justifica por acreditar que o projeto será aprovado, mesmo que com alguns pontos sendo modificados.

Já enxergando a possibilidade de o Produto Interno Bruto (PIB) ter vindo positivo no quarto trimestre de 2016, a fonte destacou ainda que há outros fatores em curso contribuindo para a recuperação da atividade, como sinais positivos sobre a tomada de crédito, a alta no preço das commodities, a perspectiva de boa safra agrícola e as mudanças microeconômicas preparadas pelo governo para dinamizar a economia.

Nesse sentido, a próxima leva de medidas a ser anunciada já na próxima semana terá como carro-chefe a ampliação do programa habitacional Minha Casa Minha Vida, que passará a contemplar faixas mais altas de renda, disse a fonte.

Também serão divulgadas novidades ligadas à alienação fiduciária e, possivelmente, o estabelecimento de regulamentação para os cancelamentos das vendas de imóveis, os chamados distratos.

Apesar do tom positivo, a fonte afirmou que a economia brasileira ainda passará por períodos de "desalavancagem", e que a recuperação da atividade também terá períodos de estabilidade antes de entrar numa rota mais consistente de alta.

A fonte avaliou que projeções mais pessimistas para a atividade têm subestimado o impacto do saque pelos trabalhadores de recursos do FGTS mantidos em contas inativas, possibilidade anunciada pelo governo no fim do ano passado e que começará a valer em março.

"Ao longo deste ano, vamos colocar 0,5 por cento do PIB na economia (com a medida)", argumentou.

No mês passado, o Fundo Monetário (FMI) divulgou previsão de crescimento de apenas 0,2 por cento para o Brasil neste ano, inferior à expansão de 0,5 por cento estimada pelo mercado, segundo pesquisa Focus do Banco Central. Por ora, a projeção oficial do governo segue em 1 por cento, embora membros da própria equipe econômica já tenham admitido que deverá ser reduzida.

Reconhecendo estar com "ânimo positivo", a fonte disse ainda ver quadro de estabilidade para o valor do dólar, flutuando por volta de 3,20 a 3,30 reais em 2017.

Por outro lado, caso as reformas não prosperem, a visão é de que o país caminhará para o terceiro ano consecutivo de recessão, após o tombo de 3,80 por cento do PIB em 2015 e recuo de 3,5 por cento previsto para 2016.

Apesar das expectativas de política fiscal mais expansionista nos Estados Unidos sob o comando de Donald Trump, a fonte afirmou não ver perspectiva de altas mais intensas nos juros norte-americanos para controle da inflação.

"O Banco Central dos Estados Unidos está cada vez mais 'dovish', o discurso é bem suave. Não acho que eles vão subir muito (os juros)", disse. "Não acho que a recuperação dos Estados Unidos seja tão forte e as incertezas naturais de um governo que está começando podem prejudicar um pouco o nível de atividade este ano."

Na véspera, o Federal Reserve, banco central norte-americano, decepcionou os investidores que aguardavam um sinal claro sobre uma alta dos juros em março.

Os mercados apontavam uma chance de 20 por cento de um aumento dos juros nos EUA no próximo mês, mas esse número caiu para 15 por cento apesar de o Fed enviar uma mensagem otimista sobre a economia.

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