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O governo americano vai salvar a GM?

A resposta só será conhecida daqui a um ano - mas será essencial para discutir com base em fatos, e não apenas em ideias, a eficácia de resgates feitos pelo Estado

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Da Redação

Publicado em 18 de março de 2010 às 11h17.

Qual será, dos pontos de vista financeiro, gerencial e societário, a situação da General Motors dentro de um ano? Essa é, com certeza, uma das questões-chave feitas no momento por homens de governo e de negócios em todo o mundo - menos pela empresa em particular ou pela indústria automobilística em geral e mais para ter uma planilha dos efeitos práticos de operações de resgate como a que acaba de ser feita com a ex-número 1 mundial do setor automotivo. Quando se completar o primeiro aniversário da concordata da GM, e da passagem de seu controle acionário para o poder público dos Estados Unidos, vai se saber o que realmente interessa nessa história toda: deu certo? A resposta pode até vir bem antes desse prazo, é claro. Mas, seja lá qual for o tempo necessário para as coisas se definirem, o que acontecer com a GM mostrará concretamente a real eficácia de ações como essa - e permitirá discutir sua conveniência e utilidade com base em fatos, e não apenas em ideias. Se a GM sobreviver e voltar a ser uma empresa sadia, cada decisão tomada por seus novos gestores nesses próximos meses fornecerá aos governos e demais interessados um mapa do que se deve fazer em casos semelhantes. Se a operação não der certo, o resultado será um mapa do que não se deve, ou não adianta, fazer.

Quanto mais cedo se souber, melhor, pois o problema realmente crítico da presente crise econômica internacional é definir uma agenda prática de ações a ser executadas; o que se tem no momento é uma oferta ilimitada de opiniões e uma notável escassez de experiências. É natural, quando se considera que nenhum ocupante de posições de responsabilidade, em qualquer lugar do mundo, viveu até hoje um problema com a natureza, as dimensões e as consequências do tumulto atual. O que falta, de qualquer forma, é um roteiro. Dez em dez analistas têm certeza absoluta, e repetem isso há meses, de que "acabou uma era" - a crise teria provado, além de qualquer dúvida, que a partir de agora o Estado terá de intervir muito mais na economia. Se até mesmo o governo dos Estados Unidos, a pátria por excelência da liberdade econômica, assumiu o comando da GM, não há mais o que discutir. O problema começa com o passo seguinte a essa constatação. Tudo bem, o poder público tem de intervir mais, ou até muito mais, na economia; mas para fazer o quê, exatamente? É aí - quando se trata de definir uma lista das medidas concretas que o governo deve tomar e das tarefas que deve executar - que a coisa complica. Entre aqueles dez cidadãos que estão de pleno acordo quanto à necessidade de ampliar a ação estatal haverá, possivelmente, dez opiniões diferentes a respeito do que realmente é preciso fazer. Essa é a hipótese otimista. Na hipótese pessimista, a maior parte deles não saberá propor, não de forma coerente, articulada ou racional, medida nenhuma. É um problema e tanto, pois todas as vezes que se grita pela necessidade de fazer "alguma coisa" é quase certo que não se faça coisa alguma. Pior: é bem possível que se faça a coisa errada.

A agonia da General Motors, mostra que não existem mais no mundo empresas "grandes demais para quebrar". Mostra que executivos top de linha de empresas privadas podem errar tanto quanto ministros e altos funcionários do poder público. Mostra que hipotecar o futuro em favor do curto prazo é muito perigoso, pois às vezes o futuro chega bem antes do que se pensa. Mostra, enfim, que não é uma opção realista, para os governos, dizer que não têm nada a ver com as dificuldades das grandes empresas; pode funcionar na teoria, mas não passa no teste da vida como ela é, pelo menos hoje em dia. É por isso que o destino próximo da GM deve ser acompanhado de perto. O governo americano não assumiu seu controle porque acha bom ter empresas estatais, tanto que vai vendê-la, se a operação der certo, ou então fechá-la, se der errado; agiu assim porque acha que tem o dever de tentar salvá-la. O que importa, agora, é saber se consegue.

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Qual será, dos pontos de vista financeiro, gerencial e societário, a situação da General Motors dentro de um ano? Essa é, com certeza, uma das questões-chave feitas no momento por homens de governo e de negócios em todo o mundo - menos pela empresa em particular ou pela indústria automobilística em geral e mais para ter uma planilha dos efeitos práticos de operações de resgate como a que acaba de ser feita com a ex-número 1 mundial do setor automotivo. Quando se completar o primeiro aniversário da concordata da GM, e da passagem de seu controle acionário para o poder público dos Estados Unidos, vai se saber o que realmente interessa nessa história toda: deu certo? A resposta pode até vir bem antes desse prazo, é claro. Mas, seja lá qual for o tempo necessário para as coisas se definirem, o que acontecer com a GM mostrará concretamente a real eficácia de ações como essa - e permitirá discutir sua conveniência e utilidade com base em fatos, e não apenas em ideias. Se a GM sobreviver e voltar a ser uma empresa sadia, cada decisão tomada por seus novos gestores nesses próximos meses fornecerá aos governos e demais interessados um mapa do que se deve fazer em casos semelhantes. Se a operação não der certo, o resultado será um mapa do que não se deve, ou não adianta, fazer.

Quanto mais cedo se souber, melhor, pois o problema realmente crítico da presente crise econômica internacional é definir uma agenda prática de ações a ser executadas; o que se tem no momento é uma oferta ilimitada de opiniões e uma notável escassez de experiências. É natural, quando se considera que nenhum ocupante de posições de responsabilidade, em qualquer lugar do mundo, viveu até hoje um problema com a natureza, as dimensões e as consequências do tumulto atual. O que falta, de qualquer forma, é um roteiro. Dez em dez analistas têm certeza absoluta, e repetem isso há meses, de que "acabou uma era" - a crise teria provado, além de qualquer dúvida, que a partir de agora o Estado terá de intervir muito mais na economia. Se até mesmo o governo dos Estados Unidos, a pátria por excelência da liberdade econômica, assumiu o comando da GM, não há mais o que discutir. O problema começa com o passo seguinte a essa constatação. Tudo bem, o poder público tem de intervir mais, ou até muito mais, na economia; mas para fazer o quê, exatamente? É aí - quando se trata de definir uma lista das medidas concretas que o governo deve tomar e das tarefas que deve executar - que a coisa complica. Entre aqueles dez cidadãos que estão de pleno acordo quanto à necessidade de ampliar a ação estatal haverá, possivelmente, dez opiniões diferentes a respeito do que realmente é preciso fazer. Essa é a hipótese otimista. Na hipótese pessimista, a maior parte deles não saberá propor, não de forma coerente, articulada ou racional, medida nenhuma. É um problema e tanto, pois todas as vezes que se grita pela necessidade de fazer "alguma coisa" é quase certo que não se faça coisa alguma. Pior: é bem possível que se faça a coisa errada.

A agonia da General Motors, mostra que não existem mais no mundo empresas "grandes demais para quebrar". Mostra que executivos top de linha de empresas privadas podem errar tanto quanto ministros e altos funcionários do poder público. Mostra que hipotecar o futuro em favor do curto prazo é muito perigoso, pois às vezes o futuro chega bem antes do que se pensa. Mostra, enfim, que não é uma opção realista, para os governos, dizer que não têm nada a ver com as dificuldades das grandes empresas; pode funcionar na teoria, mas não passa no teste da vida como ela é, pelo menos hoje em dia. É por isso que o destino próximo da GM deve ser acompanhado de perto. O governo americano não assumiu seu controle porque acha bom ter empresas estatais, tanto que vai vendê-la, se a operação der certo, ou então fechá-la, se der errado; agiu assim porque acha que tem o dever de tentar salvá-la. O que importa, agora, é saber se consegue.

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