Economia

Governadores têm que "calçar sandália da humildade", diz Ramos

Presidente da Comissão Especial da reforma da Previdência evitou dar uma previsão sobre votação; deputados querem excluir estados e municípios da proposta

Marcelo Ramos: presidente da Comissão Especial da reforma falou sobre a participação dos estados e municípios na proposta (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Marcelo Ramos: presidente da Comissão Especial da reforma falou sobre a participação dos estados e municípios na proposta (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 6 de junho de 2019 às 13h52.

Última atualização em 6 de junho de 2019 às 14h52.

Brasília — O presidente da Comissão Especial da reforma da Previdência, deputado Marcelo Ramos (PL-AM), disse nesta quinta-feira, 6, que os governadores precisam "calçar sandália da humildade" para pedir para que os parlamentares mantenham Estados e municípios na proposta. Ramos também rebateu críticas do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que classificou na quarta-feira, 5, de "eleitoral" a atitude dos congressistas que querem excluir os governos regionais da proposta.

"Ele (Doria) quando era prefeito encaminhou uma reforma da Previdência, o povo pressionou e ele retirou. Isso, sim, é eleitoreiro. Ele retirou porque era candidato a governador", disparou Ramos.

O presidente da comissão concedeu uma entrevista coletiva nesta quinta para fazer um balanço das audiências realizadas pelo colegiado. Ele evitou dizer se apoia ou não a permanência de Estados e municípios no texto e disse que prefere aguardar o parecer do relator, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP). Mas avisou que os governadores precisam baixar a guarda.

"Os governadores têm que fazer sabe o quê? Calçar a sandália da humildade. Calçar a sandalinha da humildade e vir pra cá e dizer 'olha, nós não temos coragem de fazer (a reforma), queremos pedir aos deputados que façam por nós'. É isso que eles têm que dizer, humildezinhos. Eles não têm que chegar aqui dando ordem", disse Ramos.

Na quarta, governadores pediram ao relator que aguarde até terça-feira, 11, para dar uma posição final sobre o tema. Nesse dia, os governadores se reúnem em Brasília para discutir o tema e há a expectativa de se extrair uma posição mais firme do grupo em defesa da permanência dos Estados na proposta.

O presidente da comissão afirmou que cabe apenas ao relator decidir se aguarda ou não esse posicionamento. Mas ele aproveitou a deixa para fazer um "desagravo" aos deputados.

"Aproveito para, na condição de presidente da comissão da reforma da Previdência, desagravar os deputados em relação à declaração agressiva, atrapalhada e desrespeitosa do governador João Doria ontem. Ele deu declaração dizendo que deputados que são contra a inclusão de Estados e municípios na reforma são mesquinhos, personalistas, irresponsáveis do ponto de vista fiscal e eleitoreiros. Eleitoreiro é quem não tem coragem de enfrentar essa pauta em seus Estados e em suas assembleias e empurra o problema para a Câmara dos Deputados", afirmou Ramos.

Após rebater a crítica, o deputado foi aplaudido por parlamentares que estavam presentes na coletiva de imprensa.

Ramos avisou ainda que mesmo a alternativa de prever que Estados e municípios precisam validar sua adesão à reforma por meio de aprovação de lei ordinária nos Legislativos locais tem resistência entre lideranças na Câmara. Segundo ele, muitos defendem a opção "sem porta de entrada e sem porta de saída".

O presidente reconheceu, no entanto, que deputados podem se sensibilizar ao argumento de prefeituras pequenas, que alegam não ter recursos técnicos e financeiros para elaborar uma proposta de reforma local.

Doria deve engrossar coro na próxima semana

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB-SP), deverá participar do encontro de governadores em Brasília na próxima terça-feira.

Doria chega a Brasília ainda na segunda-feira à noite. Ele deve participar de um jantar com os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), entre outras lideranças do parlamento, no dia de sua chegada.

Os governadores de todas as regiões do país se encontram na terça-feira pela manhã em Brasília. Políticos que são a favor da manutenção estão tentando convencer o relator da reforma, o deputado Samuel Moreira (PSDB-SP),a apresentar seu relatório só após este encontro.

O líder do MDB na Câmara, Baleia Rossi (SP), chegou a pedir esse adiamento publicamente na quarta-feira, 5. Moreira, por sua vez, está realizando uma série de reuniões técnicas que devem se estender por todo o fim de semana e não vai apresentar o relatório antes da segunda-feira.

Segundo uma fonte, governadores resolveram defender a reforma com mais protagonismo depois que perceberam que havia pouco empenho por parte do parlamento em manter os Estados no projeto. Muitas das unidades da federação estão em uma situação financeira crítica que tende a piorar, caso a reforma não seja aprovada.

Os governadores de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM-GO), do Pará, Hélder Barbalho (MDB-PA) e de Alagoas, Renan Filho (MDB-AL) também já afirmaram que vão participar do encontro em Brasília e estão em campanha para que os Estados e municípios sejam mantidos na reforma.

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