Economia

BC já avisou que não quer subir os juros, diz economista

"O juro vai ficar parado em 11% até o ano que vem", disse o economista-chefe do Itaú-Unibanco, Ilan Goldfajn


	Copom: aposta do mercado é que a autoridade monetária anuncie o fim do ciclo de alta
 (Elza Fiúza/ABr)

Copom: aposta do mercado é que a autoridade monetária anuncie o fim do ciclo de alta (Elza Fiúza/ABr)

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Da Redação

Publicado em 26 de maio de 2014 às 16h08.

Rio - O Banco Central do Brasil já avisou que não quer mais subir os juros, avaliou nesta segunda-feira, 26, o economista-chefe do Itaú-Unibanco, Ilan Goldfajn.

"O juro vai ficar parado em 11% até o ano que vem", disse, em evento da Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ).

Segundo Goldfajn, a decisão do BC deve levar em conta o cenário de eleição, mas tem na mira principalmente a dinâmica da economia no primeiro e no segundo trimestre deste ano.

"O BC não quer mexer muito porque há eleição, mas principalmente porque a atividade está ruim", disse.

O Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne terça e quarta-feira, 27 e 28 de maio, para decidir os rumos da taxa básica de juros, a Selic, hoje em 11% ao ano.

A aposta do mercado é que a autoridade monetária anuncie o fim do ciclo de alta, iniciado em abril do ano passado.

Economia global

Goldfajn disse ainda no mesmo evento que o mundo está aos poucos saindo da crise e da recessão, mas os formuladores de políticas econômicas estão com receio das possíveis consequências do desmonte dos estímulos concedidos nos últimos anos.

"Há o receio de que a economia afunde de novo.Hoje em dia, o Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano) está preferindo errar pelo lado de manter políticas frouxas por mais tempo do que seria o normal", disse.

Segundo Goldfajn, diante desse quadro, a normalização da política monetária dos Estados Unidos vai demorar mais para ocorrer.

"Isso tem consequências para a América Latina, e para o Brasil em particular", disse.

Hoje, a situação é "favorável", afirmou o economista. "Temos dinheiro barato com recuperação econômica", mencionou Goldfajn, lembrando que, no ano passado, quando o então presidente do Fed, Ben Bernanke, deu sinais de que o tapering (redução dos estímulos à economia norte-americana) seria iniciado, houve saída de capital de países emergentes, incluindo o Brasil.

"O real se depreciou, foi aquela crise. Acontece que eles mudaram de ideia, e o dinheiro voltou. Quem tem déficit em conta corrente e precisa de fluxo (de capital) recebeu um novo ânimo", disse.

Apesar disso, Goldfajn alertou que a volta dos fluxos de capitais para os emergentes, neste contexto, não deve ser comemorada. "Tenho receio dessa volta. Esse dinheiro fácil que está entrando agora pode gerar tumulto lá na frente", afirmou.

Até o fim do ano, o economista-chefe do Itaú-Unibanco espera que a política monetária dos Estados Unidos dê sinais de mudança de direção. Diante disso, o dólar deve ficar mais forte, prevê.

"O câmbio hoje está a R$ 2,20 porque o Fed quer. Mas deve ficar mais para R$ 2,40 ou R$ 2,45 (até o fim do ano)", disse.

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