Empresas internacionais de energia ampliaram suas reservas de gás em 16 por cento no ano passado (Joern Pollex/Getty Images)
Reuters
Publicado em 23 de julho de 2018 às 12h05.
Houston - As maiores companhias de petróleo do mundo estão produzindo mais gás natural do que nunca, ajudando a impulsionar seus lucros ao mesmo tempo em que atendem a uma crescente demanda global por combustíveis que possam mitigar emissões de gases do efeito estufa.
Isso marca uma mudança frente à última década para uma indústria que antes focava principalmente o petróleo e tinha o gás na maior parte dos casos como uma segunda opção. Agora, o crescimento na geração de energia com gás, uma produção em alta nos campos de "shale" dos Estados Unidos e uma crescente indústria de gás natural liquefeito (GNL) que torna possível exportar o combustível ajudaram a criar um "boom" no setor.
BP, Exxon Mobil, Shell, Total e Chevron ampliaram em conjunto sua produção de gás natural em 15 por cento na última década graças a uma melhor tecnologia e cortes de custos, segundo dados da consultoria Wood Mackenzie.
Analistas esperam que todas elas apresentem expansão de dois dígitos no lucro do segundo trimestre nos próximos dias, segundo levantamento da Thomson Reuters.
"O GNL é a commodity de crescimento para essas empresas", disse o analista Brian Youngberg, da Edward Jones, que espera que a indústria global de GNL cresça ao menos 4 por cento ao ano nos próximos cinco anos.
Na Total, o gás responde hoje por 61 por cento da produção, contra 47 por cento há 10 anos, segundo a Wood Mackenzie. Analistas esperam que a empresa tenha uma alta de 44 por cento nos lucros do segundo trimestre, que serão divulgados na quinta-feira, segundo pesquisa da Reuters.
Mesmo com a alta na produção de gás, as reservas de gás natural cresceram. As empresas internacionais de energia ampliaram suas reservas em 16 por cento no ano passado, para 35,55 bilhões de pés cúbicos, segundo um estudo da consultoria EY.
A Exxon avalia que o uso de gás natural deve crescer a um ritmo maior que qualquer outra fonte de energia até 2040, atingindo uma fatia de um quarto da demanda global nesse período.
"Preocupações sobre o suprimento de energia desapareceram, apagadas em grande parte pelo gás natural", disse o presidente da Exxon, Darren Woods, em evento no mês passado em Washington, nos EUA.
"Há investimentos e aportes de capital sendo feitos para ampliar o nível de reservas em gás e isso deve apenas continuar", disse o analista da EY, Herb Listen.
"Estou confiante de que o gás natural terá um papel central no atendimento à demanda global por energia por décadas", disse o presidente da Chevron, Mike Wirth, também durante conferência sobre gás em Washington.