Economia

Gasto público com aposentadorias pode explodir até 2050

Sistema brasileiro ajuda a combater pobreza e desigualdade, mas envelhecimento da população pode levar a uma explosão de gastos, de acordo com o BID


	Idosos sentados em uma praça: envelhecimento da população é desafio para sistema previdênciário
 (Pierre Amerlynck/ Stock Exchange)

Idosos sentados em uma praça: envelhecimento da população é desafio para sistema previdênciário (Pierre Amerlynck/ Stock Exchange)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 29 de janeiro de 2014 às 16h59.

São Paulo - Abrangente, mas muito caro: este é o sistema de aposentadorias brasileiro atual.

O diagnóstico é do documento "Melhores aposentadorias, melhores trabalhos - em direção à cobertura universal na América Latina e no Caribe", apresentado hoje pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

60,9% dos trabalhadores brasileiros contribuem para o sistema, um dos números mais altos da região. Na Bolívia, são apenas 15,5%. 

Sem o sistema de aposentadorias, a desigualdade no Brasil (medida pelo índice Gini) seria 3,5% maior e a pobreza seria 27,1% maior. Em muitos países, acontece o oposto.

Os idosos tem a menor taxa de pobreza de qualquer faixa etária no Brasil: 3,5% para os maiores de 65 anos, contra 31,8% entre os menores de 15 anos, segundo dados de 2010.

Ainda assim, 3 em cada 20 pessoas com mais de 65 anos não tem aposentadoria e a maioria dos aposentados recebe, em média, 20 dólares ou menos por dia.

Custos

O sistema de aposentadorias também tem um custo alto: 9,1% do PIB nacional, mais do que o gasto em educação e saúde combinados e muito acima de países como Argentina (7,2%) e México (3,7%). 

O Brasil gasta hoje, por exemplo, 1% do PIB só para sustentar a aposentadoria de 6 milhões de idosos em áreas rurais.

A título de comparação, o Bolsa Família usa 0,5% do PIB e beneficia 50 milhões de pessoas em 10 milhões de domicílios.

Futuro

Com o envelhecimento rápido da população, a taxa de gastos públicos destinados para aposentadorias no Brasil pode mais do que dobrar para 16,8% até 2050, de acordo com o FMI.

E por enquanto, a aposentadoria privada está pouco desenvolvida para ocupar mais espaço, com só 1,7% dos titulares ativos em idade de trabalho, contra 57,7% no México e 73,7% no Chile.

O estudo é assinado pelos pesquisadores Mariano Bosch, Ángel Melguizo e Carmen Pagés e foi lançado em parceria com o Ministério da Previdência Social (MPS)

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