Trabalhadores consertam turbina na usina hidrelétrica de Furnas: a inclusão dessas estruturas vai elevar as estimativas de investimento e pode tornar a operação menos atraente (Paulo Whitaker/Reuters)
Da Redação
Publicado em 12 de abril de 2014 às 09h38.
Brasília - A enrolada concessão da hidrelétrica Três Irmãos teve ontem (11) uma reviravolta. Segundo fontes do governo, a estatal Furnas comunicou ao Ministério de Minas e Energia que aceita operar os canais e as eclusas da usina.
Com a mudança, a expectativa é que o sócio privado, o Fundo Constantinopla, deixe o negócio. A inclusão dessas estruturas vai elevar as estimativas de investimento e pode tornar a operação menos atraente.
O jornal O Estado de S. Paulo informou, em sua edição de ontem, que Furnas já estava à procura de novo sócio. Queria substituir o Constantinopla, depois que um de seus cotistas, a GPI Investimentos e Participações, presidida pelo ex-secretário de Assuntos Estratégicos no governo Collor, Pedro Paulo Leoni Ramos, apareceu em documentos apreendidos na operação Lava Jato da Polícia Federal.
Há suspeita que ela esteja associada ao doleiro Alberto Youssef no laboratório Labogen. A GPI nega.
O desconforto de Furnas com o sócio ficou evidente na quarta-feira, quando informou ao jornal O Estado de S. Paulo que havia cotistas saindo do Constantinopla. A gestora de recursos Cypress negou. A GPI, que lidera outras três cotistas - Goldenbank, Cialo Participações e Darjan Participações - também.
Ontem, ao ser informada do novo posicionamento de Furnas, a GPI informou que continua aguardando a decisão do Tribunal de Contas da União (TCU).
O tribunal suspendeu a assinatura do contrato de concessão de Três Irmãos justamente porque queria uma resposta sobre a operação das eclusas e canais. A GPI entende que o impasse caminha para uma solução, mas vai aguardar a posição final do tribunal.
Nos bastidores, o comentário é que o grupo de Leoni Ramos não sairia do negócio por pressão política, mas poderia fazê-lo caso o TCU incluísse essas estruturas na concessão. A decisão de Furnas surpreende porque o governo federal vinha dizendo que a concessão deveria ficar restrita à parte de geração de energia, sem canal e eclusas.
Porém, ela está alinhada com a informação dada por fontes, de que a ordem no governo é "blindar" a concessão de Três Irmãos de seus problemas. (As informações são do jornal O Estado de S. Paulo)