Economia

Focus reduz pela 17ª vez projeção para PIB de 2019 e vê Selic mais baixa

Pesquisa do BC divulgada nesta segunda-feira mostra Selic a 5,5% em 2019 e a 6,25% em 2020; previsão para o PIB do ano vai a 0,87%

Banco Central: Na semana passada, o BC manteve os juros no piso histórico de 6,50% (Gustavo Gomes/Bloomberg)

Banco Central: Na semana passada, o BC manteve os juros no piso histórico de 6,50% (Gustavo Gomes/Bloomberg)

R

Reuters

Publicado em 24 de junho de 2019 às 09h30.

Última atualização em 24 de junho de 2019 às 14h47.

Brasília — O grupo dos economistas que mais acertam as previsões na pesquisa Focus passou a ver a taxa básica de juros Selic mais baixa tanto neste ano quanto no próximo, com as projeções gerais para inflação e crescimento econômico sendo reduzidas novamente.

A pesquisa do Banco Central divulgada nesta segunda-feira mostra que o Top-5 projeta agora a Selic a 5,50% em 2019 e a 6,25% em 2020, de 5,75% e 6,50% respectivamente antes.

Os economistas consultados como um todo, entretanto, ainda veem a Selic a 5,75% este ano e a 6,5% no próximo. Na semana passada, o BC manteve os juros no piso histórico de 6,50% e ressalvou que, embora o balanço de riscos para a inflação tenha evoluído de maneira favorável, o risco relacionado à agenda de reformas é preponderante, o que pede manutenção do juro básico no atual patamar.

Para economistas, a sinalização é de que cortes de juros só ocorrerão após a aprovação da reforma da Previdência, o que é dado como certo pela grande maioria do mercado.

O levantamento semanal apontou ainda que a expectativa para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2019 caiu pela 17ª vez seguida, a 0,87%, de 0,93% antes. Para 2020 foi mantida a projeção de expansão de 2,20%.

Dólar

O cenário para a moeda norte-americana em 2019 também está mantido. A mediana das expectativas para o câmbio no fim deste ano seguiu em R$ 3,80, igual ao visto um mês atrás. Para o próximo ano, a projeção para o câmbio permaneceu também em R$ 3,80, igual ao verificado quatro pesquisas atrás.

Inflação

As estimativas para a inflação também voltaram a cair, com a alta do IPCA agora calculada em 3,82% este ano e 3,95% no próximo, de 3,84% e 4,00% respectivamente. O relatório trouxe ainda a projeção para o IPCA em 2021, que seguiu em 3,75%. No caso de 2022, a expectativa também permaneceu em 3,75%. Há quatro semanas, essas projeções eram de 3,75% para ambos os casos.

Quando considerado apenas o TOP 5, que inclui instituições que preveem melhor os resultados, a previsão para a inflação em 2019 tem mediana de 3,79%.

O centro da meta oficial de 2019 é de 4,25 por cento e, de 2020, de 4 por cento, ambos com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

As projeções mais recentes do BC, considerando o cenário de mercado, apontam para inflação de 3,6% em 2019 e 3,9% em 2020. Elas constaram no comunicado da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), na semana passada. Na ocasião, o BC manteve a Selic (a taxa básica de juros) em 6,50% ao ano, pela décima vez consecutiva.

Os economistas do mercado financeiro alteraram levemente a previsão para o IPCA em junho de 2019, de deflação de 0,01% para deflação de 0,02%, conforme o Relatório de Mercado Focus, divulgado pelo Banco Central. Um mês antes, o porcentual projetado indicava inflação de 0,27%.

Para julho, a projeção no Focus seguiu em alta de 0,20% e, para agosto, com elevação de 0,12%. Há um mês, os porcentuais de alta eram de 0,20% e 0,12%, respectivamente.

Preços administrados

O Relatório de Mercado Focus indicou nesta segunda-feira manutenção na projeção para os preços administrados em 2019. A mediana das previsões do mercado financeiro para o indicador este ano seguiu em alta de 5,20%. Para 2020, a mediana permaneceu em alta de 4,40%. Há um mês, o mercado projetava aumento de 5,28% para os preços administrados em 2019 e elevação de 4,40% em 2020.

As projeções atuais do BC para os preços administrados, no cenário de mercado, indicam elevações de 5,3% em 2019 e 5,0% em 2020. Estes porcentuais serão atualizados na ata da última reunião do Copom que será publicada na terça-feira, 25.

IGP-M

O Relatório de Mercado Focus mostrou ainda que a mediana das projeções do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) de 2019 passou de alta de 5,98% para elevação de 6,12%. Há um mês, estava em 5,91%. No caso de 2020, o IGP-M projetado foi de alta de 4,10% para elevação de 4,13%, ante 4,00% de quatro semanas antes.

Calculados pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), os Índices Gerais de Preços (IGPs) são bastante afetados pelo desempenho do câmbio e pelos produtos de atacado, em especial os agrícolas.

Balança Comercial

Os economistas do mercado financeiro alteraram a projeção para a balança comercial em 2019 na pesquisa Focus realizada pelo Banco Central, de superávit comercial de US$ 50,50 bilhões para superávit de US$ 50,60 bilhões. Um mês atrás, a previsão era de US$ 50,25 bilhões. Para 2020, a estimativa de superávit foi de US$ 46,00 bilhões para US$ 46,40 bilhões, ante US$ 45,33 bilhões de um mês antes.

Na estimativa mais recente do BC, o saldo positivo de 2019 ficará em US$ 40,00 bilhões. Esta projeção foi atualizada no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de março.

No caso da conta corrente, a previsão contida no Focus para 2019 seguiu em déficit de US$ 23,00 bilhões, ante US$ 25,00 bilhões de um mês antes. Para 2020, a projeção de rombo permaneceu em US$ 32,80 bilhões. Um mês atrás, o rombo projetado era de US$ 35,30 bilhões.

O BC projeta déficit em conta de US$ 30,8 bilhões em 2019.

(Com Estadão Conteúdo)

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralBoletim FocusCâmbioPIBSelic

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor