Foco mundial volta-se para mecanismo cambial da China
Muitos políticos em Washington afirmam que o iuane permanece pelo menos 20% subvalorizado
Da Redação
Publicado em 20 de março de 2012 às 13h34.
Pequim - Críticos do regime cambial da China mudaram seu foco do valor do iuane para o mecanismo segundo o qual o nível diário da moeda é determinado, disse nesta terça-feira o secretário-geral da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em um novo sinal de que o câmbio pode estar perto de seu nível de equilíbrio.
"A ênfase não está mais na questão do valor da moeda", disse à Reuters Angel Gurria. "A questão não é determinar um nível particular e afirmar 'agora está ok', mas sim o sistema pelo qual o valor da moeda é fixado todo dia".
Gurria fez a declaração 24 horas depois de o primeiro-ministro da China, Wen Jiabao, ter dado novo ímpeto aos rumores do mercado de que Pequim está se preparando para adotar mais medidas visando à liberalização do sistema cambial, que é altamente controlado.
Declarações recentes de Wen e do presidente do banco central, Zhou Xiaochuan, intensificaram as especulações de investidores de que Pequim estaria se preparando para anunciar uma mudança na banda diária de negociação do iuane contra o dólar, atualmente de 0,5 por cento.
Gurria, que estava em Pequim para um fórum de legisladores chineses, acadêmicos e líderes empresariais, afirmou que as críticas sobre o sistema cambial da China mudaram claramente.
"A questão não é sobre a moeda, pelo menos não as discussões de um só tema que tivemos no ano passado ou há dois anos", disse.
Legisladores norte-americanos e europeus, entre outros, têm criticado o sistema de gerenciamento do câmbio da China, que segundo eles mantém o iuane artificialmente fraco para dar suporte aos exportadores do país.
Muitos políticos em Washington afirmam que o iuane permanece pelo menos 20 por cento subvalorizado. A China diz que as críticas são infundadas, e cita uma apreciação de cerca de 30 por cento no valor do iuane contra o dólar desde uma reforma em 2005.