O comitê ainda citou a necessidade de concluir a reestruturação para países como Zâmbia, Gana e Etiópia. (Yuri Gripas/Reuters)
Agência de notícias
Publicado em 11 de abril de 2023 às 11h58.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou para baixo a projeção de crescimento do Brasil no primeiro ano do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A nova expectativa aponta para uma expansão de 0,9% do Produto Interno Bruto (PIB) doméstico em 2023, contra alta de 1,2%, que havia sido prevista em janeiro, segundo o relatório Perspectiva Econômica Mundial (WEO, na sigla em inglês), publicado nesta terça-feira, 11, no âmbito das reuniões de Primavera do organismo.
Se confirmada, a expectativa do FMI indica uma relevante desaceleração em relação ao ano passado, quando a economia brasileira cresceu 2,9%. Para 2024, o Fundo manteve a expectativa de um avanço de 1,5% do PIB do País.
Ao revisar para baixo a projeção deste ano, o FMI espera que o crescimento do primeiro ano do governo de Lula fique abaixo do desempenho visto na estreia de seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL). Em 2019, o PIB brasileiro avançou 1,2%.
O presidente Lula voltou a criticar o FMI, na segunda-feira, 10, durante discurso sobre os 100 primeiros dias do governo. Segundo o petista, se a sua gestão for se basear no que o mercado e as perspectivas do Fundo indicam para o Brasil, "é melhor desistir". "É importante que essa gente fale, para que a gente faça diferente do que eles falam", disse Lula.
Ao projetar um cenário "duro" e "nebuloso" para a economia global neste ano, a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, disse que algum ímpeto viria das economias emergentes e em desenvolvimento. Não será o caso do Brasil, no entanto.
No ritmo estimado pelo Fundo, o primeiro ano do governo de Lula posicionará o País entre os piores desempenhos de PIB entre os emergentes e em desenvolvimento em 2023, ficando à frente somente de economias como a da Rússia, que sente os efeitos da invasão à Ucrânia, e da África do Sul.
A previsão para o Brasil também é inferior à expectativa de crescimento das economia desenvolvidas e à média global.
A revisão do FMI reforça o coro econômico quanto ao baixo crescimento esperado para o Brasil neste ano. O Banco Mundial divulgou na semana passada projeção de alta de 0,8% para o País, às margens das reuniões de Primavera do organismo, também realizadas em Washington.
O alerta também vem do setor privado. O Itaú Unibanco, maior banco da América Latina, anunciou nesta segunda uma revisão para baixo em sua expectativa para o PIB do Brasil neste ano, que passou para alta de 1,1%, de 1,3%.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) piorou as suas projeções para o desempenho da economia global em 2023 e alertou para o risco de recessão na Alemanha e no Reino Unido, fora os efeitos da recente turbulência bancária. O organismo espera que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) mundial desacelere para 2,8% neste ano, contra projeção anterior que indicava avanço de 2,9%, segundo o relatório Perspectiva Econômica Mundial (WEO, na sigla em inglês), publicado nesta terça-feira, 11, no âmbito das reuniões de Primavera do Fundo, as chamadas Spring Meetings.
"A economia global está novamente em um momento altamente incerto", avalia o FMI, citando os riscos acumulados da pandemia a guerra na Ucrânia e o recente caos bancário, que levantou preocupações de estabilidade financeira. "Os riscos para as perspectivas são diretamente negativos", acrescenta.
No ano passado, a taxa de expansão global caiu quase pela metade de 6,1% para 3,4%. Para 2024, o FMI também cortou a sua projeção em 0,1 ponto porcentual, para 3,0%.
Na visão do Fundo, há um "risco significativo" de que a recente turbulência do sistema bancário resulte em um aperto mais acentuado e persistente das condições financeiras globais do que o previsto na linha de base e em cenários alternativos plausíveis, o que poderia deteriorar ainda mais a confiança dos negócios e dos consumidores e, por sua vez, impactar a economia global.
Para o FMI, o PIB mundial deve manter baixo crescimento, de cerca de 3% nos próximos cinco anos, sua expectativa mais baixa em cerca de três décadas. Segundo a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, esse é o prognóstico "mais preocupante".
"Não nos dá grandes esperanças de atender às aspirações das pessoas, especialmente das pessoas pobres", disse a dirigente do órgão, na abertura das reuniões de Primavera do FMI, na segunda-feira, 10.
Quanto ao custo de vida, o Fundo espera que a inflação global caia de 8,7% em 2022 para 7,0% neste ano. A maioria das economias deve presenciar algum nível de desinflação em 2023, segundo o organismo.
Na revisão de suas projeções, o Fundo passou a prever que a Alemanha entre em recessão neste ano, ao cortar a expectativa para o PIB doméstico em 0,2 ponto porcentual, para uma queda de 0,1% frente a 2022. Já a projeção para o Reino Unido foi melhorada em 0,3 ponto porcentual, mas ainda assim a economia do país deve encolher em 0,3% em 2023.
A média de crescimento das economias avançadas estimada pelo FMI é de 1,3% neste exercício, melhora de 0,1 ponto porcentual frente à anterior. Já para 2024, o organismo manteve a expectativa de avanço de 1,4%. "Estima-se que cerca de 90% das economias avançadas tenham um declínio no crescimento em 2023", afirma o FMI, no relatório. A forte desaceleração deve resultar em um maior desemprego nas economias avançadas: um aumento de 0 5 ponto porcentual, em média, de 2022 a 2024, prevê o Fundo.
Na contramão da maioria dos países, o FMI melhorou a projeção para o crescimento dos Estados Unidos. O organismo espera que a maior economia do mundo cresça 1,6% neste ano, contra estimativa anterior de alta de 1,4%. Para 2024, o Fundo vê chances de avanço de 1,1%, 0,1 ponto porcentual a mais do que a estimativa anterior.
Algum ímpeto de crescimento virá dos países emergentes e em desenvolvimento. O Fundo estima expansão do PIB desse grupo de 3 9% neste ano, 0,1 ponto porcentual abaixo da estimativa divulgada em janeiro. Para o próximo ano, a expectativa ficou intacta, em 4,2% de alta.
Apesar da reabertura chinesa, o FMI não alterou o seu prognóstico para o país asiático. O organismo espera que o PIB da China avance 5,2% neste ano e 4,5% no próximo.
O grande destaque em termos de crescimento deve ser a Índia, apesar de o Fundo ter cortado suas projeções para o país. O FMI projeta incremento de 5,9% da economia indiana em 2023 contra 6 1% anteriormente. Para 2024, a estimativa passou para uma alta de 6,3%, ante 6,8%.