Economia

Flexibilização trabalhista dificulta austeridade na Grécia

Impasse está dificultando o acordo com o governo de Atenas sobre o novo pacote de medidas de austeridade que a União Europeia reivindica em troca de novas ajudas


	Recentemente ocorreram conflitos e protestos em Atenas devido à crise grega
 (Aris Messinis/AFP)

Recentemente ocorreram conflitos e protestos em Atenas devido à crise grega (Aris Messinis/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 24 de outubro de 2012 às 06h51.

Atenas - A flexibilização do mercado de trabalho, que a troika exige da Grécia, está dificultando o acordo com o governo de Atenas sobre o novo pacote de medidas de austeridade que a União Europeia (UE) reivindica em troca de novas ajudas financeiras.

Fontes do Ministério das Finanças da Grécia explicaram nesta quarta-feira à Agência Efe que o responsável da pasta, Yannis Sturnaras, pretende apresentar ao grupo de trabalho do Eurogrupo, que se reúne a partir de amanhã em Bruxelas, um compromisso do Executivo em relação ao acordo com a troika, formada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), Comissão Europeia e Banco Central Europeu (BCE).

Na semana passada, Sturnaras, o primeiro-ministro Antonis Samaras e os chefes de missão da troika chegaram a um princípio de acordo sobre uma série de medidas para economizar cerca de 13,5 bilhões dos cofres do Estado.

A ideia era alcançar este objetivo através de cortes do gasto público, altas de impostos e uma série de reformas do mercado de trabalho destinadas a flexibilizar a contratação e a demissão.

Entre as medidas exigidas pela troika se destacam a ampliação da semana trabalhista para seis dias e a diminuição das indenizações por demissão e o aviso-prévio.

A intenção do chefe de governo conservador é submeter à votação parlamentar todas as medidas. A Grécia precisa urgentemente receber um novo lance do empréstimo estipulado com a União Europeia (UE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI).

No entanto, os dois partidos progressistas que sustentam o governo se negam a apoiar a reforma, ao considerar que o custo do trabalho já caiu muito desde o início da crise.

"Nós não votaremos a favor do pacote de austeridade se forem incluídas as reformas trabalhistas como estão propostas atualmente. Deve-se seguir negociando", explicou à Efe uma fonte próxima do líder do partido socialista Pasok, Evangelos Venizelos.


Com seus 33 deputados, o Pasok é indispensável para que o Executivo tenha maioria no Parlamento. A negativa deste partido e do Dimar de votar a favor do pacote abriu uma crise dentro do governo, que tinha planejado apresentar nos próximos dias o acordo ao Parlamento.

De fato, entre domingo e segunda-feira, a coalizão de governo perdeu dois deputados (um conservador e um do Dimar) que manifestaram sua intenção de não respaldar as medidas de austeridade.

Para superar o ponto morto das negociações foi convocado para hoje uma reunião do gabinete de ministros. Além disso, especula-se a convocação de uma nova reunião de Samaras com os líderes do Pasok e do Dimar e uma teleconferência entre o ministro das Finanças e os representantes da troika.

Acompanhe tudo sobre:BCECrise econômicaCrise gregaCrises em empresasDívida públicaEuropaFMIGréciaPiigsUnião Europeia

Mais de Economia

Plano Real, 30 anos: Jorge Gerdau e o 'divisor de águas' no desenvolvimento do país

Após enchentes, atividade econômica no RS recua 9% em maio, estima Banco Central

Lula se reúne hoje com equipe econômica para discutir bloqueios no Orçamento deste ano

CCJ do Senado adia votação da PEC da autonomia financeira do BC

Mais na Exame