Economia

Fitch diz que Brasil tem política monetária "demasiadamente frouxa"

Na avaliação da agência, essa disparidade pode ser observada também na Turquia, na China, na Polônia, na Indonésia e na Índia

Fitch: relatório diz que, à medida que condições monetárias globais são normalizadas, taxas básicas de juros desse grupo de países podem sofrer ajustes de alta (Miguel Medina/AFP)

Fitch: relatório diz que, à medida que condições monetárias globais são normalizadas, taxas básicas de juros desse grupo de países podem sofrer ajustes de alta (Miguel Medina/AFP)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 16 de maio de 2018 às 18h27.

São Paulo - O Brasil adota atualmente uma política monetária "demasiadamente frouxa" diante das condições da economia do país, afirma a agência de classificação de risco Fitch em relatório sobre as medidas de países emergentes nessa frente.

O economista-chefe da agência, Brian Coulton, ressalta ainda que, "apesar da saída gradual da política monetária frouxa (pelo Federal Reserve, o banco central) nos EUA, a taxa de juros real média nas EM10 (10 principais economias emergentes) caiu ainda mais desde o fim de 2017".

Na avaliação da agência, essa disparidade pode ser observada também na Turquia, na China, na Polônia, na Indonésia e na Índia. "Enquanto o nível de inflação em geral baixo nas 10 principais economias emergentes possa justificar uma política monetária frouxa com base (na situação) doméstica, nossa análise sugere que a política monetária aparenta estar demasiadamente frouxa em relação a esse ponto do ciclo", diz em nota a diretora Maxime Darmet, do time econômico da Fitch.

O relatório aponta que, à medida que as condições monetárias globais são normalizadas, as taxas básicas de juros desse grupo de países podem sofrer ajustes de alta além do que é atualmente esperado pelo mercado financeiro. "(Esse efeito) poderia ser exacerbado por qualquer apreciação generalizada do dólar e consequentes declínios de fluxo de capitais nas economias emergentes", projeta a agência.

Para a Fitch, a Rússia, o México e a África do Sul estão conduzindo uma política monetária "apertada" em relação a seus ciclos domésticos. Só a Coreia do Sul tem atualmente taxas de juros "amplamente em linha com o que as condições econômicas domésticas exigiriam", conclui o relatório.

Acompanhe tudo sobre:Agências de ratingeconomia-brasileiraFitchPolítica monetária

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto