Fim do aperto nos juros explica piora na avaliação do BC
De acordo com o Termômetro Broad, as notas do Banco Central registraram piora acentuada em abril
Da Redação
Publicado em 7 de maio de 2014 às 17h29.
São Paulo - O principal motivo para a queda na avaliação do mercado financeiro sobre a gestão do Banco Central , detectada pelo Termômetro Broad, é a sinalização da autoridade monetária de que o ciclo de aperto na Selic deve ser encerrado mesmo com a inflação ameaçando perigosamente romper o teto da meta de 6,5% ao ano.
Esta é a opinião da maioria dos analistas ouvidos pelo Broadcast após a divulgação do Termômetro BC Broad, sondagem mensal realizada pela Agência Estado.
De acordo com o Termômetro, as notas do Banco Central registraram piora acentuada em abril.
Para a gestão de forma geral, a nota média caiu de 5,7 para 5.
Para a gestão da política monetária, passou de 5,7 para 4,9.
A avaliação da política cambial teve média 5,5 em abril, ante 6,2 em março, e a avaliação da comunicação do Banco Central recuou de 5,7 para 5,3.
Já a nota média para a avaliação geral da gestão da Fazenda recuou ligeiramente, de 3,7 para 3,6 de março para abril, enquanto a média das notas para a condução da política fiscal passou de 3,6 para 3,4.
Em relação à comunicação da Fazenda, a nota também registrou declínio, de 3,7 para 3,4.
O ex-presidente do Banco Central e sócio da Tendências Consultoria Integrada, Gustavo Loyola, avalia que o fim do ciclo de alta nos juros sinalizado pelo BC, com a inflação ainda no limite da meta de 6,5% ao ano, pode explicar a queda na avaliação da autoridade monetária entre março e abril.
"A percepção negativa vem após a divulgação da ata, que aponta fim do ciclo de aumento de juros, com a inflação ainda elevada", diz Loyola.
A economista-chefe da Rosenberg & Associados, Thaís Zara, reforça a opinião de que o mercado não viu com bons olhos a sinalização do fim do aperto monetário, já que a inflação continua elevada e ameaça romper o teto de 6,5% da meta.
Thaís ressalta, porém, que a nota para comunicação caiu menos porque o BC está expressando de forma mais clara o que pretende fazer.
"O que o mercado está dizendo é que as expectativas (de inflação) estão altas e não seria o momento ainda de parar de subir os juros. É a única explicação que consigo dar para a queda na nota", diz o sócio gestor da Canepa Asset Brasil, Alexandre Póvoa. Para ele, o fato de as expectativas de inflação não cederem "faz com que as pessoas questionem mais".
"A inflação está pressionada e o BC deveria continuar subindo juros, mas não vai subir porque tem influência política", critica o sócio-gestor da Leme Investimentos, Paulo Petrassi, lembrando que as expectativas de inflação na pesquisa Focus estão no teto da meta de inflação, enquanto o "BC está preocupado em parar de subir os juros, citando os efeitos defasados (da política monetária)".
Dólar.
Para Petrassi, o mercado também vê problemas na atuação do BC no câmbio.
"O câmbio está comportado por causa de fluxo de capital especulativo, que pode ser completamente revertido se houver piora externa. Se o Fed antecipar a subida de juros, será um Deus nos acuda", comentou.
"O BC já deveria estar rolando menos swap e comprando um pouco mais de dólar. Está errando um pouco no câmbio e muito na política monetária."
São Paulo - O principal motivo para a queda na avaliação do mercado financeiro sobre a gestão do Banco Central , detectada pelo Termômetro Broad, é a sinalização da autoridade monetária de que o ciclo de aperto na Selic deve ser encerrado mesmo com a inflação ameaçando perigosamente romper o teto da meta de 6,5% ao ano.
Esta é a opinião da maioria dos analistas ouvidos pelo Broadcast após a divulgação do Termômetro BC Broad, sondagem mensal realizada pela Agência Estado.
De acordo com o Termômetro, as notas do Banco Central registraram piora acentuada em abril.
Para a gestão de forma geral, a nota média caiu de 5,7 para 5.
Para a gestão da política monetária, passou de 5,7 para 4,9.
A avaliação da política cambial teve média 5,5 em abril, ante 6,2 em março, e a avaliação da comunicação do Banco Central recuou de 5,7 para 5,3.
Já a nota média para a avaliação geral da gestão da Fazenda recuou ligeiramente, de 3,7 para 3,6 de março para abril, enquanto a média das notas para a condução da política fiscal passou de 3,6 para 3,4.
Em relação à comunicação da Fazenda, a nota também registrou declínio, de 3,7 para 3,4.
O ex-presidente do Banco Central e sócio da Tendências Consultoria Integrada, Gustavo Loyola, avalia que o fim do ciclo de alta nos juros sinalizado pelo BC, com a inflação ainda no limite da meta de 6,5% ao ano, pode explicar a queda na avaliação da autoridade monetária entre março e abril.
"A percepção negativa vem após a divulgação da ata, que aponta fim do ciclo de aumento de juros, com a inflação ainda elevada", diz Loyola.
A economista-chefe da Rosenberg & Associados, Thaís Zara, reforça a opinião de que o mercado não viu com bons olhos a sinalização do fim do aperto monetário, já que a inflação continua elevada e ameaça romper o teto de 6,5% da meta.
Thaís ressalta, porém, que a nota para comunicação caiu menos porque o BC está expressando de forma mais clara o que pretende fazer.
"O que o mercado está dizendo é que as expectativas (de inflação) estão altas e não seria o momento ainda de parar de subir os juros. É a única explicação que consigo dar para a queda na nota", diz o sócio gestor da Canepa Asset Brasil, Alexandre Póvoa. Para ele, o fato de as expectativas de inflação não cederem "faz com que as pessoas questionem mais".
"A inflação está pressionada e o BC deveria continuar subindo juros, mas não vai subir porque tem influência política", critica o sócio-gestor da Leme Investimentos, Paulo Petrassi, lembrando que as expectativas de inflação na pesquisa Focus estão no teto da meta de inflação, enquanto o "BC está preocupado em parar de subir os juros, citando os efeitos defasados (da política monetária)".
Dólar.
Para Petrassi, o mercado também vê problemas na atuação do BC no câmbio.
"O câmbio está comportado por causa de fluxo de capital especulativo, que pode ser completamente revertido se houver piora externa. Se o Fed antecipar a subida de juros, será um Deus nos acuda", comentou.
"O BC já deveria estar rolando menos swap e comprando um pouco mais de dólar. Está errando um pouco no câmbio e muito na política monetária."