Economia

Fim da cédula de 500 euros poderia combater crime e deflação

Banco Central Europeu estuda suspender a fabricação da maior nota da zona do euro, preferida por criminosos e falsificadores


	Notas de 500 euros: a cédula preferida dos criminosos pode ser abolida para ajudar Europa a sair da deflação
 (Adrian Dennis/AFP)

Notas de 500 euros: a cédula preferida dos criminosos pode ser abolida para ajudar Europa a sair da deflação (Adrian Dennis/AFP)

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Da Redação

Publicado em 10 de fevereiro de 2016 às 20h20.

Os dias da cédula de 500 euros poderiam estar contados, e não apenas por ela ser a preferida dos barões do crime em todo o mundo.

No momento em que estuda definir uma taxa de depósito ainda mais negativa, o Banco Central Europeu se vê alinhado às autoridades que querem conter os meios de evasão fiscal e financiamento ao terrorismo. 

Conforme sugerido pelo presidente do BCE, Mario Draghi, se a cúpula do banco abolisse a nota mais valiosa da região, eles também ajudariam a remover uma grande barreira que impede que as taxas de juros sejam empurradas ainda mais para baixo.

As taxas negativas mais profundas poderiam, em algum ponto, impulsionar os bancos a transferirem seu dinheiro para fora da conta de depósito do banco central e transformá-lo em caixa em vez de sofrerem prejuízos sem fim. 

Na zona do euro, onde a nota de 500 euros faz com que o equivalente a um bilhão de dólares em papel-moeda ocupe apenas 3 metros cúbicos de espaço, o descarte dessa denominação tornaria mais difícil a armazenagem de grandes quantidades de dinheiro vivo.

A abolição das notas maiores “permitiria alguns novos cortes no nível das taxas de juros nominais porque tornaria a reserva de dinheiro consideravelmente mais cara ou difícil”, disse Charles Goodhart, um ex-estrategista de política cambial do Banco da Inglaterra e professor da London School of Economics, em entrevista. 

“Existe uma chance razoável de que pudéssemos obter um limite superior para a denominação em linha com o que qualquer país respeitável deve oferecer”.

Com o Banco do Japão realizando sua primeira incursão própria nas taxas de juros negativas no mês passado, uma ferramenta de política que antes soava impossível está se tornando popular em um mundo no qual os cortes na taxa convencional têm sido usados, mas em que a inflação é fraca e o crescimento, frágil. mbora os estrategistas de Frankfurt possam ampliar seu programa atual de aquisições de ativos se necessário, eles também sinalizam que estão dispostos a cortar sua taxa de depósito para abaixo do nível atual, de menos 0,3 por cento.

Enquanto isso está acontecendo, há um novo impulso em andamento dos governos europeus para limitar a capacidade de quem promove lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e terrorismo de usar dinheiro vivo para suas atividades. Esse impulso foi desencadeado, em parte, pelos ataques de Paris, em novembro.

Uma corrente, encabeçada pelo governo alemão, para desespero do público geral, pede um limite máximo aos pagamentos em dinheiro em toda a UE. 

O dinheiro representa 80 por cento dos pagamentos no varejo na Alemanha e a iniciativa do governo resultou em um pedido irritado do tabloide Bild nesta semana.

As outras correntes pedem a abolição da nota de 500 euros.

“Esta é uma decisão para o Conselho Governativo do BCE”, disse o presidente do Bundesbank, Jens Weidmann, em entrevista coletiva, em Paris, na terça-feira. “Ambas seguem o mesmo objetivo, que é o de limitar as atividades ilegais”.

Weidmann também disse que a perspectiva tem sido nublada e que o BCE discutirá uma resposta em sua reunião de março. Os analistas já estão apostando em um novo corte da taxa de depósito, inclusive Greg Fuzesi, do JPMorgan Chase Co, que projeta duas reduções de 20 pontos-base neste ano. 

Um estudo publicado na terça-feira por Malcolm Barr e Bruce Kasman, colegas de Fuzesi, sugere que, com alguns ajustes para reservar a gestão, o BCE poderia, em última análise, chegar a menos 4,5 por cento.

Isso deixaria o BCE mais perto da maior taxa negativa a que qualquer banco central importante já tenha chegado e possivelmente levantaria questionamentos quanto a se um nível assim poderia ser implementado sem que os bancos chegassem à conclusão de que simplesmente seria melhor guardar suas notas.

A Suíça e a Dinamarca implementaram uma taxa mais baixa que a atual do BCE, de menos 0,75 por cento. Embora haja poucas evidências de reserva de dinheiro por lá, não está claro como uma política desse tipo se desempenharia na zona do euro. Quanto mais baixo se chega, mais os estrategistas podem ter que pensar em limitar o uso de dinheiro ou enfrentar a possibilidade de sua política ser subvertida pelo atesouramento.

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