Economia

Fifa gastará US$ 4 bi para profissionalizar periferia do futebol

Entidade quer tentar compensar o abismo entre seleções nacionais, depois de aumentar o número de países participantes da Copa do Mundo

Fifa: Islândia, País de Gales, Irlanda do Norte e Hungria já começaram a investir no esporte em 2008 (Arnd Wiegmann/Reuters)

Fifa: Islândia, País de Gales, Irlanda do Norte e Hungria já começaram a investir no esporte em 2008 (Arnd Wiegmann/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 11 de janeiro de 2017 às 11h08.

Zurique - A Fifa espera incrementar qualidade da "periferia do futebol" até 2026, distribuindo US$ 4 bilhões pelo mundo nos próximos dez anos para ajudar a transformar a realidade do esporte em novas regiões.

Uma das principais críticas à iniciativa de aumentar de 32 para 48 o número de seleções em uma Copa do Mundo, o que será implementado a partir do Mundial de 2026, é o fato de que poderia gerar partidas com qualidade ruim no torneio e entre times sem qualquer tradição.

Mas a Fifa quer mudar essa realidade e "fortalecer" o esporte. O valor representaria uma multiplicação por quatro dos valores até agora distribuídos às federações nacionais.

Nos primeiros quatro anos do plano de expansão da Copa, cada país receberá pelo menos US$ 1,5 milhão, contra um valor que não passava de US$ 400 mil na Era Blatter.

Por ano, o dinheiro ainda representa o desembarque de pelo menos US$ 100 milhões diretamente nas contas das federações nacionais, sob a justificativa de ajudar a "profissionalizar a administração". O resto iria para a construção de centros de treinamento e torneios.

Nos estudos internos da Fifa, a entidade admitiu que a "qualidade absoluta" seria atingida com uma Copa de 32 times, e não 48.

Mas o presidente da Fifa, Gianni Infantino, acredita que o anúncio dez anos antes da expansão pode levar países a apostar no futebol, tendo em vista a possibilidade real de se classificar.

A entidade usa como exemplo o que ocorreu na Eurocopa de 2016, que pela primeira vez teve 24 seleções, e não apenas 16.

A expansão já havia sido anunciada em 2008 e, a partir daquele momento, países menores passaram a investir, entre eles a Islândia, País de Gales, Irlanda do Norte e Hungria.

Quando a última edição do torneio ocorreu, em 2016, essas seleções acabaram tendo resultados positivos.

Agora, a Fifa estima que o mesmo pode ocorrer na Ásia, África e América Central. A Copa de 2026 terá 9,5 seleções do continente africano,contra 8,5 da Ásia. Isso significa que times como Omã, Etiópia ou Jordânia teriam chances de se classificar.

Outra constatação da entidade é de que, no total, as Eliminatórias da Copa vão mobilizar cerca de cem seleções pelo mundo com reais chances de estar entre os 48 classificados.

O que muitos ainda temem é que a expansão possa gerar situações embaraçosas como as goleadas sofridas pelo Taiti na Copa das Confederações de 2013, no Brasil.

Mas quem apoia a expansão insiste que as Copas sempre tiveram, em um primeiro momento, goleadas. Mas foi a participação de uma nova região nos Mundiais que permitiu o desenvolvimento do futebol.

Em 1982, por exemplo, a Hungria fez 10 a 1 no fraco time de El Salvador. Numa outra edição que representou uma expansão - a de 1954 - os mesmos placares foram registrados. A Coreia do Sul levou 9 gols da Hungria e outros 7 da Turquia.

Nos anos de 1970, quando a Fifa abriu as portas da Copa para novos africanos, a Iugoslávia fez 9 a 0 no Zaire. Naquele mesmo ano, a Polônia fez 7 a 0 no Haiti.

Um dos desafios, porém, será o de garantir que o dinheiro enviado de fato seja usado para o esporte. A Fifa, assim, promete auditorias e cobranças sobre o modo de aplicação dos recursos.

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