Economia

FHC não acredita em uma desintegração da União Europeia

''Não acho que a Europa vai se desintegrar. Nem que o euro perderá sua importância'', disse o ex-presidente


	Para Fernando Henrique, as organizações europeias e internacionais vão criar um mecanismo através do qual ''assumirão a dívida que está nas mãos dos governos
 (Germano Luders/EXAME)

Para Fernando Henrique, as organizações europeias e internacionais vão criar um mecanismo através do qual ''assumirão a dívida que está nas mãos dos governos (Germano Luders/EXAME)

DR

Da Redação

Publicado em 12 de setembro de 2012 às 18h39.

Lisboa - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse nesta quarta-feira que a União Europeia (UE) é ''uma proeza histórica'' por conseguir unir países historicamente inimigos e descartou o fim da organização e do euro.

FHC, aos 81 anos, fez as declarações à imprensa portuguesa na cidade de Lisboa, onde recebeu uma alta distinção da prefeitura da capital e recebeu o título de doutor honoris causa pelo Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE), um dos mais importantes de Portugal.

''Não acho que a Europa vai se desintegrar. Nem que o euro perderá sua importância. Não é possível. Por mais que as pessoas não tenham uma visão em longo prazo, acabam tendo certa responsabilidade perante o mundo'', opinou o ex-presidente.

Para Fernando Henrique, as organizações europeias e internacionais vão criar um mecanismo através do qual ''assumirão a dívida que está nas mãos dos governos - antes era dos bancos, agora dos governos -'' com o objetivo de ''consolidá-la'' e dar tempo para que cada país ajuste suas finanças.

FHC criticou os prazos curtos exigidos para que os países do sul da Europa reduzam seus déficits e creditou parte da responsabilidade pela atual crise ao incentivo ao consumo baseado em créditos bancários.

''A culpa não é a irresponsabilidade dos gregos, a irresponsabilidade dos portugueses'', afirmou.

''O corte nos gastos sociais é inadmissível'', disse Fernando Henrique, que lembrou que durante o seu governo foram abertos ''espaços de esperança'', pois os salários melhoraram, embora a economia do Brasil atravessasse uma fase de rigidez fiscal.

Apesar das dificuldades na UE, o sociólogo defendeu o projeto europeu e lembrou os benefícios gerados pela organização.

''A União Europeia foi a construção política mais sofisticada da humanidade por se tratar da união de países que se odiavam - França e Alemanha, por exemplo - em uma mesma comunidade política. Isso é uma proeza histórica extraordinária'', disse.

FHC recebeu hoje das mãos do prefeito de Lisboa, António Costa, a Medalha de Mérito Municipal, Grau Ouro, em reconhecimento por seu papel político e intelectual.

O ex-governante também participou da conferência ''Portugal-Brasil - Um Olhar Atual'' juntamente com o ex-presidente português Mário Soares. 

Acompanhe tudo sobre:Crises em empresasEuropaFernando Henrique CardosoPersonalidadesPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileirosUnião Europeia

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor