Economia

FGV: alta no preço da soja explica revisões para IGPs

No IGP-M de junho, por exemplo, os preços da soja em grão haviam desacelerado a 4,30%

Um vagão é abastecido com soja na Argentina (Daniel Garcia/AFP)

Um vagão é abastecido com soja na Argentina (Daniel Garcia/AFP)

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Da Redação

Publicado em 9 de julho de 2012 às 21h30.

São Paulo - A pressão de alta do complexo soja sobre a inflação no atacado neste ano pode explicar a revisão nas projeções do mercado financeiro para os índices gerais de preços (IGPs), que estão acima de 6,00%, conforme a pesquisa semanal Focus do Banco Central, divulgada nesta segunda-feira. A avaliação foi feita nesta segunda-feira pelo coordenador de Análise Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros.

No levantamento do Banco Central (BC), feito com cerca de 100 economistas e divulgado nesta segunda-feira, as estimativas para o Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) de 2012 avançaram para 6,19%, ante 5,94% na pesquisa anterior. No caso do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), as previsões passaram de 5,87% para 6,09%. Para o IPCA deste ano, contudo, as projeções caíram de 4,93% para 4,85%.

O economista da FGV explica que o aumento na inflação do complexo soja, principalmente do grão, sofre os reflexos de dois choques de oferta: um que ocorreu no começo do ano e outro que está acontecendo agora. No início de 2012, Salomão lembra que a seca no Rio Grande do Sul e na Argentina elevaram os preços. O Estado é o terceiro maior produtor nacional de soja e a Argentina é o segundo maior produtor mundial da commodity depois dos EUA. O Brasil ocupa o terceiro lugar "Só neste ano, a soja subiu mais de 50%. Até diminuiu o ritmo de elevação, mas não chegou a devolver a alta. Houve apenas uma suavização e os preços subiram numa velocidade menor", explicou.


No IGP-M de junho (de 0,66%), por exemplo, os preços da soja em grão haviam desacelerado a 4,30%, depois de uma valorização expressiva de 10,05%. Na primeira leitura do mesmo indicador de julho, divulgada nesta segunda-feira, contudo, os preços voltaram a acelerar e subiram 9,00%, ante um aumento de 2,35% na primeira medição de junho. Sozinha, a soja contribuiu com 40% da elevação de 1,25% registrada pelo Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-M) na primeiro decêndio de julho. Lembrando que a commodity tem peso de 5,41% no IPA. O IGP-M, por sua vez, ficou em 0,95%, frente a 0,68% em igual período do mês anterior.

Outra questão que tem empurrado os preços da soja para cima, lembrou Salomão, é o clima quente e seco no Meio-Oeste dos Estados Unidos, que deve prejudicar a qualidade e o tamanho da colheita 2012/2013 no país. "Neste ano há um fator novo, um caso particular da soja. No início de 2011, os preços das commodities subiram até o fim do primeiro trimestre, mas influenciados por problemas macroeconômicos", disse. "Dada a importância do complexo soja no IPA, a mudança nas projeções pode ser justificada", completou.

O reajuste de 7,83% para a gasolina e de 3,94% para o diesel vendidos nas refinarias, anunciado no dia 22 de junho pela Petrobras, e que passou a ser cobrado em seguida, no dia 25, também pode estar ajudando o mercado a rever para cima suas projeções para os IGPs de 2012, de acordo com Salomão. "São fatores que não foram completamente antecipados pelo mercado no começo do ano. Quem diria que a soja fosse subir tanto no começo de 2012? E quem esperava que houvesse uma segunda rodada de alta e que o câmbio fosse atingir R$ 2,00?", questionou o economista da FGV.

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