Economia

Fed mantém forte estímulo com desaceleração no crescimento

BC dos EUA estendeu seu apoio à lenta economia afirmando que continuará comprando US$ 85 bilhões em títulos ao mês


	Prédio do Federal Reserve em Washington: estímulos à economia americana continuarão
 (©AFP/Getty Images / Brendan Hoffman)

Prédio do Federal Reserve em Washington: estímulos à economia americana continuarão (©AFP/Getty Images / Brendan Hoffman)

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Da Redação

Publicado em 30 de outubro de 2013 às 16h39.

Washington - O Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, estendeu nesta quarta-feira seu apoio à lenta economia norte-americana afirmando que continuará comprando 85 bilhões de dólares em títulos ao mês por enquanto.

Ao anunciar a decisão amplamente esperada, integrantes do Fed ressaltaram a perspectiva de crescimento mais fraco devido em parte à disputa fiscal em Washington que paralisou boa parte do governo por 16 dias neste mês.

A alta nos custos de financiamento diante de sinais do banco central anteriormente de que poderia começar em breve a reduzir o estímulo monetário também prejudicou o crescimento.

"Os dados disponíveis sugerem que o consumo das famílias e o investimento fixo das empresas avançou, enquanto a recuperação no setor imobiliário teve certa desaceleração nos últimos meses", informou o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Fed.

"A política fiscal está restringindo o crescimento econômico", continuou.

O mercado de trabalho mostrou "alguma" melhora, informou o Fed, apesar de recente enfraquecimento nos dados. A autoridade monetária retirou a referência ao "aperto das condições financeiras observado nos últimos meses" da lista de riscos à perspectiva, mas muitos economistas mantiveram apostas de que o estímulo continuará até o próximo ano.

"Até que os dados econômicos se fortaleçam de forma significativa, as expectativas de redução do programa de compra de ativos continuarão contidas", disse o vice-presidente de Investimentos do Oppenheimer, Krishna Memani. "A probabilidade de que qualquer coisa aconteça em dezembro é modesta".


A presidente do Fed de Kansas City, Esther George, votou contra a decisão, como fez em todas as reuniões do Fomc neste ano, favorecendo corte modesto no ritmo de compra de títulos.

Manuntenção

O Fed chocou os mercados financeiros no mês passado ao optar pela não redução das aquisições de bônus, após permitir que a percepção de que estaria pronto para começar a cortar o estímulo fortaleceu-se ao longo do verão no hemisfério Norte. Desde então, a cautela mostrou-se justificada.

A confiança do consumidor e do setor empresarial tem sido pressionada pela disputa política que desencadeou na paralisação do governo e empurrou o país às margens de possivelmente devastador default, e uma série de dados econômicos têm apontado para fraqueza econômica.

Relatórios divulgados nesta quarta-feira mostraram que empregadores do setor privado norte-americano contrataram o menor número de funcionários em seis meses em outubro, enquanto a inflação continuou contida no mês passado.

Outros dados recentes sobre o mercado de trabalho, sobre a produção industrial e sobre as vendas de moradias em setembro já haviam sugerido que a economia perdeu força mesmo antes da paralisação do governo. Leituras de confiança do consumidor neste mês têm mostrado que o impasse fiscal afetou as famílias.

O tom fraco dos dados levou os mercados a recalibrarem projeções para a redução nas compras de títulos e levou as expectativas de alta dos juros de volta em meados de 2015, pelo menos.

Antes da divulgação do comunicado do Fomc, os mercados futuros indicavam chance de 52 por cento de que a primeira alta de 0,25 ponto percentual nos juros básicos até abril de 2015. A probabilidade subia para 96 por cento até setembro de 2015. Os rendimentos das notas de 10 anos do Tesouro dos EUA recuaram de volta a 2,50 por cento, ante quase 3 por cento no início de setembro.

O Fed manteve as perspectivas sobre quando pode elevar os juros, afirmando que as taxas atualmente quase zeradas são apropriadas enquanto o desemprego continuar acima de 6,5 por cento e a inflação anual permanecer abaixo de 2,5 por cento.

Em reação à mais profunda recessão e à mais fraca recuperação em gerações, o banco central norte-americano cortou os juros para quase zero e mais do que quadruplicou seu balanço patrimonial para 3,8 trilhões de dólares.

A reação foi controversa, com alguns dos integrantes mais linha dura do Fed e muitos republicanos argumentando que há risco de inflação desenfreada ou bolhas nos mercados financeiros.

No entanto, o núcleo do Fed, incluindo o chairman Ben Bernanke e sua sucessora e a atual vice-chair, Janet Yellen, já argumentaram que a ameaça de desemprego persistentemente alto é a questão mais urgente atualmente.

Dados desta quarta-feira mostraram que a inflação ao consumidor ficou em apenas 1,2 por cento no ano até setembro, bem abaixo da meta de 2 por cento do banco central.

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