Fachada do prédio do Federal Reserve (FED) em Washington: Estados Unidos dão sinais de uma renovada força e voltará a se transformar no principal motor econômico global (Jonathan Ernst/Reuters)
Da Redação
Publicado em 8 de outubro de 2013 às 13h42.
Washington - A dinâmica econômica global mudou e se antes o motor do desenvolvimento estava nas mãos dos países emergentes, agora as nações emergentes voltaram a ter grande responsabilidade, embora o futuro imediato será determinado pelo Fed e a China, segundo o Fundo Monetário Internacional.
Em seu relatório semestral 'Perspectivas econômicas globais', que foi divulgado hoje, a instituição rebaixou em três décimos o crescimento global previsto para 2013, até 2,9%. Em 2014, o crescimento será de 3,6%, dois décimos a menos do que o antecipado em julho.
'A economia global entrou em uma nova transição', afirmou hoje em entrevista coletiva o economista-chefe do FMI, Olivier Blanchard.
'As economias avançadas estão se fortalecendo lentamente', enquanto os mercados emergentes 'têm se desacelerado' mais do que o previsto pelo FMI em julho, acrescentou o economista-chefe.
'O crescimento global avança a um ritmo lento, os motores da atividade estão mudando e os riscos de baixa persistem', afirmou o relatório do FMI, para quem o empurrão cíclico da China e do restante dos emergentes chegou ao seu máximo.
Os Estados Unidos, por outro lado, dão sinais de uma renovada força e voltarão a se transformar no principal motor econômico global, mas apenas se atuarem para encerrar a paralisação da administração federal e o Congresso der sinal verde para ampliação do teto da dívida.
O relatório menciona que apesar de uma paralisação da administração mais prolongada do que o previsto ser 'bastante prejudicial', não aumentar o teto da dívida e a consequente moratória seletiva provocaria 'sérios danos' globais.
Para Blanchard, o fechamento parcial da administração 'terá consequências macroeconômicas limitadas' se não se prolongar muito.
Já o elevamento do teto da dívida, segundo Blanchard, 'seria sentido de forma imediata e conduziria potencialmente a grandes alterações nos mercados financeiros, tanto nos Estados Unidos como em nível internacional'.
Na apuração por países, o FMI destaca também o caso do Japão, que desfruta de uma vigorosa subida' que se traduzirá em um crescimento econômico de 2% neste ano, mas que perderá vapor em 2014, quando o Produto Interno Bruto (PIB) do país alcançará 1,2%.
A zona do euro, enquanto isso, começa a ver a luz no final do túnel, embora o crescimento permanece raquítico e persistem velhos problemas como a fragmentação do sistema financeiro.
As projeções do Fundo apontam que a atividade econômica na zona do euro se contrairá 0,4% em 2013 e avançará 1% no ano que vem.
O FMI considera que a mudança na dinâmica de crescimento coloca novos desafios e argumenta que o futuro imediato dependerá de dois fatores: o futuro da política monetária dos Estados Unidos e a evolução da China.
O relatório destacou a convicção cada vez mais generalizada nos mercados de que as políticas expansionistas do Federal Reserve (Fed) se aproximam de seu fim.
'Isso levou a um aumento inesperadamente elevado nos diferenciais a longo prazo nos Estados Unidos e muitas outras economias, apesar da recente decisão do Fed de manter as compras de ativos', assinalou o FMI.
O organismo alerta que essa mudança poderia trazer riscos para os países emergentes, onde a atividade econômica está se desacelerando e a qualidade dos ativos financeiros piorando.
Segundo o FMI, os emergentes crescerão 4,5% neste ano, meio ponto a menos do que antecipado em julho. Em 2014, o crescimento será de 5,1%, quatro décimos a menos do que o previsto.
Por isso o organismo considera 'essencial' uma 'implementação cuidadosa' e uma 'comunicação clara' por parte do Fed.
O segundo fator determinante é a crescente percepção de que a China crescerá mais lentamente a médio prazo que nos últimos anos, o que afetará 'muitas outras economias', sobretudo as exportadoras de matérias-primas nos países emergentes e em desenvolvimento.
O FMI disse, além disso, que já não existe consenso na ideia de que as autoridades chinesas vão reagir com um forte pacote de estímulo se o crescimento cair abaixo do objetivo oficial de 7,5%.
Segundo as projeções do FMI, a China crescerá 7,6% neste ano e 7,3% em 2014.
*Matéria atualizada às 13h42