Economia

Febraban convoca setor privado a construir novo arcabouço fiscal com governo

Setor privado deve oferecer sugestões à Fazenda, disse o presidente da Febraban, Isaac Sidney. Declaração foi dada em evento do Lide, em Portugal

Isaac Sidney: "Podemos e devemos, nós, os agentes econômicos, levar ao ministro da Fazenda nossas ideias de uma nova âncora fiscal, robusta e exequível" (Banco Central do Brasil/ Flickr/Divulgação)

Isaac Sidney: "Podemos e devemos, nós, os agentes econômicos, levar ao ministro da Fazenda nossas ideias de uma nova âncora fiscal, robusta e exequível" (Banco Central do Brasil/ Flickr/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 4 de fevereiro de 2023 às 11h51.

O presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney, destacou neste sábado, 4, que o setor privado deve ajudar o Poder Executivo com sugestões para avançar o Produto Interno Bruto (PIB) do país, incluindo no desenho da nova âncora fiscal, a substituir o atual teto de gastos.

"Por que o setor produtivo, financeiro e não financeiro, não constrói, com o governo, uma proposta de novo arcabouço fiscal? Podemos e devemos, nós, os agentes econômicos, levar ao ministro da Fazenda nossas ideias de uma nova âncora fiscal, robusta e exequível."

Sidney destacou que ele não defende "de forma imediata, como um fim em si mesmo, uma corrida desesperada para que a dívida pública se sustente. O que estou dizendo é que temos de perseguir um horizonte de tempo para alcançar receitas e despesas sustentáveis."

Ao participar do Lide Brazil Conference, em Lisboa, Portugal, promovido pelo Grupo de Líderes Empresariais, o presidente da Febraban apontou que o Brasil já registra um excesso de diagnósticos de seus problemas estruturais e cíclicos e que, agora, são necessárias ações.

"O que quero dizer é que o Brasil continua patinando, ano após ano. Não estou me referindo ao governo atual sendo um País de muitas análises e de poucas ações. Não saímos do lugar", destacou Sidney.

"Temos experimentado um crescimento medíocre há bastante tempo, em vários governos, independentemente de pandemias e guerras. Já sabemos que crescimento e geração de emprego e renda são a política social mais eficiente que pode existir."

Reforma administrativa entre as prioritárias

De acordo com o presidente da Febraban, o País tem uma agenda de reformas que precisa ser retomada o quanto antes, sendo as três mais importantes a tributária, a do Estado e a melhoria do ambiente de negócios.

"Há a necessidade de mudarmos o foco em relação à reforma tributária. Se fala muito e se faz pouco. Temos um debate já amadurecido no Congresso e precisamos avançar no que está praticamente pronto, que é a reforma tributária que incide sobre o consumo", observou. São muitos tributos indiretos, e nós precisamos avançar neste sentido. Felizmente, o governo tem sinalizado que vai dedicar capital político, uma notícia que devemos comemorar. Mas precisamos concretizar a aprovação dessa reforma."

Para Sidney, a reforma administrativa precisa avançar. "O Estado é ineficiente. Precisamos de políticas públicas para melhor aferir a eficiência das políticas do Estado."

Ambiente de negócios

Na avaliação do presidente da Febraban, também é fundamental a melhoria do ambiente de negócios no País, sobretudo em relação ao mercado de crédito. "Temos de perseguir uma agenda para baratear o elevado custo do crédito. É muito caro no Brasil tanto emprestar como tomar crédito. Precisamos de um novo Marco de Garantias. Temos de sair de uma posição vergonhosa. O Brasil tem o setor bancário que menos recupera garantia no mundo, o que faz com que o spread bancário seja bastante elevado."

Isaac Sidney destacou que "os bancos não precisam de juros altos para terem lucros". Segundo ele, o que é necessário é uma agenda para baratear o custo do crédito. "As taxas de juros precisam baixar, mas isso não depende apenas dos bancos. Precisamos avançar numa agenda de reformas. O crédito ainda é muito tributado, a inadimplência é elevada e isso pesa no spread bancário. O que os bancos defendem é juros e spread menores para que possamos ampliar a oferta de crédito, democratizar o acesso do crédito às famílias e empresas."

O presidente da Febraban também ressaltou a importância de se fortalecer pilares para o desenvolvimento do País, como "a estabilidade macroeconômica, em especial inflação baixa e previsível, e casa arrumada com sustentabilidade da dívida pública."

De acordo com Sidney, para que o Brasil volte a crescer mais é preciso da atuação conjunta de empresários e do governo, "de robustez institucional, de estabilidade política, de segurança jurídica e de previsibilidade". Neste contexto, ele também salientou que a Febraban defende de forma clara a democracia, como fez em pronunciamentos em 2021 e 2022, bem como na manifestação de repúdio aos atos golpistas em Brasília ocorridos uma semana após a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "O setor bancário, igualmente, não hesitou em repudiar, no dia 8 de janeiro, os atos inaceitáveis de violência contra o Estado Democrático de Direito."

Acompanhe tudo sobre:Ajuste fiscalBancosFebrabanMinistério da Fazenda

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor