Fatores internos explicam piora do clima econômico na AL
Especialistas avaliaram que acirramento recente dos problemas na Ucrânia impõe um risco considerável de elevação do preço de energia no futuro próximo
Da Redação
Publicado em 13 de agosto de 2014 às 10h13.
Rio - A deterioração do clima econômico na América Latina no trimestre encerrado em julho em relação ao período imediatamente anterior se deve a problemas domésticos enfrentados pelos países da região, avaliou a Fundação Getulio Vargas (FGV), que divulgou nesta quarta-feira, 13, a Sondagem da América Latina.
O Indicador de Clima Econômico (ICE) recuou 7,0%, para 84 pontos, o menor patamar desde julho de 2009.
A pesquisa, realizada pela FGV em parceria com o instituto alemão Ifo, incluiu um quesito especial na edição do trimestre até julho sobre a questão entre Ucrânia e Rússia.
Segundo a instituição, os especialistas ao redor do mundo avaliaram que o acirramento recente dos problemas na Ucrânia impõe um risco considerável de elevação do preço de energia no futuro próximo, com potenciais efeitos negativos sobre o clima econômico.
"Na América Latina, contudo, os especialistas entrevistados não avaliaram este ponto como um fator adicional de risco. Logo, a piora do ICE na região latina é decorrente de problemas domésticos", observou a FGV.
No Brasil, o ICE recuou 22,5%, para 55 pontos. "A avaliação da situação atual vem se deteriorando desde janeiro, com piora nas expectativas e na avaliação da situação econômica em geral", observou a FGV.
Na edição anterior da sondagem, referente a abril, a instituição já havia destacado que falta de competitividade internacional, falta de confiança no governo, inflação, déficit público e falta de mão de obra qualificada eram apontados como os principais entraves para o crescimento econômico do Brasil.
Com o resultado, o Brasil ficou por mais um trimestre abaixo da Argentina, cujo ICE recuou 24%, para 57 pontos. "A situação na Argentina pode ser explicada pela crise econômica e pelas incertezas trazidas pelos problemas enfrentados na renegociação da dívida externa com os chamados 'Fundos Abutres'", explicou a FGV.
O ICE da América Latina é ponderado pela participação dos países na corrente de comércio (soma de exportações e importações). Dos cinco principais, apenas o México teve melhora no clima econômico, numa "provável consequência" da recuperação da economia dos Estados Unidos no período, país que responde por 80% da corrente de comércio mexicana.
Por outro lado, Venezuela e Chile figuraram ao lado de Brasil e Argentina entre os que contribuíram para a piora no ICE. "Brasil, Argentina e Venezuela mantiveram suas posições no ranking das piores médias do ICE nos últimos quatro trimestres", destacou a FGV.