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FAO: biocombustível não é responsável pela alta de preços

O diretor da organização, José Graziano, advertiu, porém, que os biocombustíveis podem contribuir para o aumento

Colheita de milho: Graziano criticou a produção americana dos grãos; segundo ele, o milho é "como o petróleo" (Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 22 de agosto de 2012 às 11h37.

Roma - O diretor da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), o brasileiro José Graziano da Silva, disse nesta quarta-feira em entrevista à Agência Efe que "os biocombustíveis de cereais não são responsáveis pelo aumento dos preços dos alimentos", mas são elementos que podem contribuir para isso.

Graziano sugeriu recentemente aos Estados Unidos, em artigo publicado pelo jornal britânico "Financial Times", uma suspensão imediata e temporária da legislação que destina cotas das colheitas de milho à produção de biocombustível.

"O milho entra em todas as cadeias de produção agropecuárias, como carnes, aves, frangos, porco, leite e derivados", produtos que estão sendo levados ao mercado porque são mais rentáveis dado a alta do preço do milho, que é um produto "como o petróleo".

Para o diretor-geral da FAO, "os EUA pretendem usar 40% para o milho e a mesma porcentagem para a exportação", mas deixar o uso do milho na produção de biocombustíveis é mais um item de uma longa lista de recomendações da FAO, esclareceu.

No entanto, o diretor reconheceu que a alta do preço do pão foi uma das causas da explosão da primavera árabe. A FAO quer evitar que cada país queira determinar sua segurança alimentar de forma isolada.

"Não há segurança alimentar isolada para um país, é para todos. É uma segurança global, por isso que é necessária a coordenação de políticas de atuação", disse. Graziano ainda se mostrou convencido de que "não há crise alimentícia, há aumento de preços", e não espera, por enquanto, "o aumento do número de pessoas que passam fome".

O diretor apostou em "uma boa coordenação de políticas" para "evitar a crise", aproveitando um organismo criado após 2008, o Sistema de Informação sobre o Mercado Agrícola (SIMA), que é formado pelos países do G20 e os principais produtores, e pretende fazer uma reunião em breve.

O diretor da FAO também disse que para os países do sul, os preços elevados resultam em uma oportunidade para aumentar a produção em 2013, enquanto solicitou que os países desenvolvidos não coloquem impedimentos aos mercados, porque isto são dificuldades que não beneficiariam ninguém.

"Todos os tipos de barreiras nestes momentos são dificuldades adicionais aos ajustes dos mercados", disse Graziano.

O diretor do órgão internacional, com sede em Roma, reconheceu que um grupo de países pobres da África, Chifre da África e Sael serão afetados pelas altas de preços, e por isso pediu aos países ricos que não cortem a ajuda humanitária, e aproveitou para comentar que o melhor que esses países podem fazer é estimular os mercados locais mediante uma contribuição econômica.

Graziano Da Silva acrescentou que, com o aumento dos preços, não cresce o número de famintos, mas sim o número de obesos porque os legumes, as frutas e verduras são substituídas por alimentos hipercalóricos.

"Este efeito de substituição afeta crianças, mulheres e idosos" e a FAO propõe políticas de educação alimentar para cuidar da nutrição, insistindo em produtos substitutos do trigo, como o arroz, a batata e a mandioca. EFE

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Roma - O diretor da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), o brasileiro José Graziano da Silva, disse nesta quarta-feira em entrevista à Agência Efe que "os biocombustíveis de cereais não são responsáveis pelo aumento dos preços dos alimentos", mas são elementos que podem contribuir para isso.

Graziano sugeriu recentemente aos Estados Unidos, em artigo publicado pelo jornal britânico "Financial Times", uma suspensão imediata e temporária da legislação que destina cotas das colheitas de milho à produção de biocombustível.

"O milho entra em todas as cadeias de produção agropecuárias, como carnes, aves, frangos, porco, leite e derivados", produtos que estão sendo levados ao mercado porque são mais rentáveis dado a alta do preço do milho, que é um produto "como o petróleo".

Para o diretor-geral da FAO, "os EUA pretendem usar 40% para o milho e a mesma porcentagem para a exportação", mas deixar o uso do milho na produção de biocombustíveis é mais um item de uma longa lista de recomendações da FAO, esclareceu.

No entanto, o diretor reconheceu que a alta do preço do pão foi uma das causas da explosão da primavera árabe. A FAO quer evitar que cada país queira determinar sua segurança alimentar de forma isolada.

"Não há segurança alimentar isolada para um país, é para todos. É uma segurança global, por isso que é necessária a coordenação de políticas de atuação", disse. Graziano ainda se mostrou convencido de que "não há crise alimentícia, há aumento de preços", e não espera, por enquanto, "o aumento do número de pessoas que passam fome".

O diretor apostou em "uma boa coordenação de políticas" para "evitar a crise", aproveitando um organismo criado após 2008, o Sistema de Informação sobre o Mercado Agrícola (SIMA), que é formado pelos países do G20 e os principais produtores, e pretende fazer uma reunião em breve.

O diretor da FAO também disse que para os países do sul, os preços elevados resultam em uma oportunidade para aumentar a produção em 2013, enquanto solicitou que os países desenvolvidos não coloquem impedimentos aos mercados, porque isto são dificuldades que não beneficiariam ninguém.

"Todos os tipos de barreiras nestes momentos são dificuldades adicionais aos ajustes dos mercados", disse Graziano.

O diretor do órgão internacional, com sede em Roma, reconheceu que um grupo de países pobres da África, Chifre da África e Sael serão afetados pelas altas de preços, e por isso pediu aos países ricos que não cortem a ajuda humanitária, e aproveitou para comentar que o melhor que esses países podem fazer é estimular os mercados locais mediante uma contribuição econômica.

Graziano Da Silva acrescentou que, com o aumento dos preços, não cresce o número de famintos, mas sim o número de obesos porque os legumes, as frutas e verduras são substituídas por alimentos hipercalóricos.

"Este efeito de substituição afeta crianças, mulheres e idosos" e a FAO propõe políticas de educação alimentar para cuidar da nutrição, insistindo em produtos substitutos do trigo, como o arroz, a batata e a mandioca. EFE

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