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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h42.
Rio de Janeiro - A falta de investimentos das concessionárias de água e energia nos atendimentos às comunidades carentes e de fiscalização com penalizações mais severas e sistemáticas são fatores que contribuem para o furto de energia, na opinião de Sérgio Raposo, conselheiro diretor da Associação Brasileira das Agências Reguladoras (Abar).
A avaliação foi feita hoje (28) durante o workshop Temporada de Caça aos Gatos, realizado no Rio de Janeiro
Ainda de acordo com Raposo, o crescimento populacional desordenado e a concentração urbana geraram problemas nos serviços essenciais e, por isso, a população mais pobre instalou mecanismos clandestinos para atender às suas necessidades. Mas, segundo ele, é possível caminhar no sentido de um equilíbrio econômico das atividades ao priorizar três princípios: manutenção, queda dos preços e universalização dos serviços.
"Não podemos disfarçar o problema, pessoas se apropriam, por falta de condições econômicas, desses bens. Existe um procedimento de arrumação dessa bagunça urbana para um outro estágio", disse o representante da Abar.
Segundo o presidente regional da Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento (Assemae), Eduardo Macedo, é preciso fazer uma campanha alertando para os males causados pelo furto de energia, pela defasagem tecnológica e pela falta de manutenção. Ele afirmou que existem municípios em que os serviços têm a mesma estrutura há 40 anos.
"Os operadores têm de usar a mídia no sentido de passar ao consumidor qual é esse tipo de crime e suas penalidades, porque o prejuízo é repassado para os consumidores regularizados. Além do prejuízo financeiro tem o físico com o abuso do consumo e tem a operadora que chega a perder 50% do seu serviço", disse Macedo.
Estudo feito pelo Tribunal de Contas da União estima que a população paga aproximadamente 5% a mais do que deveria na conta mensal por causa dos furtos de energia. As perdas no setor de energia elétrica chegam a R$ 10 bilhões. Segundo dados do Sistema Nacional de Saneamento Ambiental (Snis), do Ministério das Cidades, as perdas médias de água geram um prejuízo anual de cerca de R$ 4 bilhões - desse total, R$ 2 bilhões são relativos a fraudes e furtos.