Economia

Venezuela: postos de gasolina começam a secar onde ainda havia abundância

Filas começam a ser vistas em Puerto La Cruz, onde está instalada a terceira maior refinaria do país

Posto de Caracas, Venezuela (foto de arquivo): na região, motoristas podem esperar até três dias para abastecer o carro (Carlos Becerra/Bloomberg)

Posto de Caracas, Venezuela (foto de arquivo): na região, motoristas podem esperar até três dias para abastecer o carro (Carlos Becerra/Bloomberg)

Ligia Tuon

Ligia Tuon

Publicado em 3 de junho de 2019 às 18h34.

Última atualização em 3 de junho de 2019 às 18h42.

Mais de duas dúzias de carros fazem fila ao longo de uma avenida na fronteira com a costa de Puerto La Cruz, no leste Venezuela. Motoristas impacientes buzinam para Gabriel Ruiz acelerar, quando ele então sai do carro e começa a empurrá-lo na fila.

"Meu medidor de combustível quebrou e não percebi que estava sem gasolina", disse o taxista de 35 anos, suando sob o sol escaldante da manhã. “Tem sido assim nas últimas duas semanas. O governo realmente precisa resolver isso logo.”

Os postos de gasolina começam a secar em Puerto La Cruz, onde está instalada a terceira maior refinaria do país, operada estatal Petróleos de Venezuela. Embora as filas não sejam tão longas como no oeste da Venezuela, onde os motoristas podem esperar até três dias para abastecer o carro, a escassez de gasolina no outrora movimentado centro petrolífero, mostra o impacto das sanções dos EUA.

"Eu não via isso desde 2003", durante uma greve do setor petrolífero contra Hugo Chávez, disse Luis Díaz, que trabalha com rebocadores da PDVSA, referindo-se ao falecido presidente venezuelano.

A refinaria, que produzia 170 mil barris por dia, abastecia todo o leste da Venezuela, mas, depois de anos de má administração e êxodo em massa de trabalhadores, agora produz apenas 10 mil barris de combustível por dia, disse Jose Bodas, líder sindical da PDVSA.

A PDVSA não conseguiu compensar o déficit causado pelas sanções dos EUA, que cortaram o fornecimento de gasolina americana. O país tem recorrido às importações irregulares da Europa, Ásia e Oriente Médio desde o início do ano, mas o fluxo desacelerou com a pressão dos EUA sobre outros fornecedores para boicotar o regime do presidente Nicolás Maduro.

Embora a escassez de combustível agora seja comum no interior do país, só recentemente atingiu a capital, onde encher um tanque de gasolina custa menos de um centavo. Com a queda da produção de petróleo e quatro das cinco principais refinarias fechadas, as unidades restantes operam com 14% da capacidade, a menor taxa em pelo menos dois anos.

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