Economia

Fabricantes de armas russos ganham espaço no mercado

Em queda pelo quarto ano consecutivo, o volume de negócios dos 100 primeiros fabricantes do planeta caiu 1,5% em 2014


	Armas: boa parte da produção da Rússia é destinada as suas forças armadas, mas o país também conta com importantes clientes no resto do mundo
 (Goran Tomasevic / Reuters)

Armas: boa parte da produção da Rússia é destinada as suas forças armadas, mas o país também conta com importantes clientes no resto do mundo (Goran Tomasevic / Reuters)

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Da Redação

Publicado em 22 de fevereiro de 2016 às 11h40.

Os fabricantes ocidentais de armas detiveram a maior parte do mercado mundial em 2014, mas suas vendas caem, ao mesmo tempo em que os negócios de seus concorrentes russos crescem, anunciou nesta segunda-feira o Instituto de Pesquisa da Paz Internacional de Estocolmo (SIPRI).

Em queda pelo quarto ano consecutivo, o volume de negócios dos 100 primeiros fabricantes do planeta caiu 1,5% em 2014, a 401 bilhões de dólares, cinco vezes o orçamento anual das operações de paz das Nações Unidas.

As empresas situadas nos Estados Unidos e na Europa Ocidental reúnem mais de 80% do mercado, mas suas vendas em valor perdem 3,2% em relação ao ano anterior. Três delas saíram do top 100.

"Com uma queda combinada de 7,4% de suas vendas de armas, as empresas da Europa Ocidental acusam o retrocesso mais marcado, que ilustra as dificuldades econômicas da região", afirma o SIPRI.

Pelo contrário, as 36 empresas que representam o resto do mundo nesta classificação anual viram suas receitas subirem 25% no ano passado, graças a uma explosão de quase 50% das vendas da indústria russa, que figura com 19 construtores e suas filiais no ranking do SIPRI.

Bem atrás do primeiro fabricante mundial, o americano Lockheed Martin (37,5 bilhões de dólares de receitas), o Almaz-Antee figura na 11ª posição com um volume de negócios de 8,8 bilhões de dólares.

O holding russo produz sobretudo o míssil BUK, apontado como causador da destruição do Boeing 777 da Malaysia Airlines registrada em 17 de julho de 2014 na Ucrânia.

Boa parte da produção da Rússia é destinada as suas forças armadas, mas o país também conta com importantes clientes no resto do mundo, incluindo as rivais Índia e a China.

Indústria ucraniana afundada

A Síria também se abastece dos produtos de Moscou desde a era soviética, mas "não recebe mais grande coisa atualmente", afirma Simon Wezeman, especialista em gasto militar no SIPRI.

Depois de quase cinco anos de um conflito que já deixou mais de 250.000 mortos e provocou o êxodo de milhares de pessoas, a Síria "não tem mais meios" para se equipar para combater os grupos rebeldes e os jihadistas do Estado Islâmico, afirma.

"Os russos dizem em resumo: paguem e fornecemos; se não pagarem, não o faremos".

Em conjunto, as vendas de armas russas não foram abaladas pelas sanções internacionais decretadas depois da anexação da península ucraniana da Crimeia, em março de 2014.

Os representantes do setor afirmam que isso encorajou a Rússia a buscar novos mercados e trabalhar novas tecnologias.

O diretor-geral da agência Rosoboronexport, encarregada das exportações de equipamentos militares, Anatoli Isaikine, estimou recentemente que estas vendas devem permanecer estáveis nos próximos três anos.

O grupo Uralvagonzavod, um holding que reúne mais de 30 empresas industriais e emprega mais de 70.000 pessoas, é um dos que aumentam mais depressa seu volume de negócios de 1,45 bilhão de dólares, um crescimento de quase 50% em relação a 2013, segundo o SIPRI.

Inversamente, as vendas de armas da Ucrânia afundaram em 2014 (-37,4%).

A UkrOboronProm, sociedade estatal que domina as vendas ucranianas, retrocedeu da 58ª à 90ª posição na classificação do instituto sueco, vítima de "um enfraquecimento da moeda nacional", das "perturbações na produção ligadas ao conflito" e do "fim do comércio de armas russo-ucraniano em meados de 2014", explica o SIPRI.

As vendas da indústria francesa caíram 11,3%, abaladas pelo fabricante de aviões Dassault (-29,3%) e pelo grupo de eletrônica de defesa Thales (-17,4%).

O SIPRI não contabilizou as empresas chinesas "por falta de dados que permitam estimativas aceitáveis".

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