Economia

EXCLUSIVO: Sky planeja criar banco para atender seus assinantes de TV e internet

Em entrevista à EXAME, presidente da Vrio, Darío Werthein, fala sobre os planos da empresa

Darío Werthein, presidente do Vrio, que controla a Sky (Divulgação)

Darío Werthein, presidente do Vrio, que controla a Sky (Divulgação)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 28 de maio de 2024 às 18h39.

Última atualização em 29 de maio de 2024 às 10h46.

A Vrio, controladora das marcas Sky e DirecTV, quer ampliar seu portfólio de serviços, que começou com TV paga via satélite e avança para internet por fibra e seguros. O próximo passo desta estratégia é oferecer serviços financeiros, como um banco digital.

"Não quero me adiantar, mas estamos pensando em poder oferecer a todos os nossos clientes um banco digital, para poder ter todos os serviços financeiros, como investimentos e financiamentos", disse à EXAME Darío Werthein, presidente do Vrio.

"Em toda a América Latina, temos mais ou menos 9,3 milhões de assinantes em diferentes planos. Considerando que temos em média quatro pessoas por casa, estamos falando de mais de 40 milhões de pessoas", prossegue. 

A Vrio opera em 11 países, como Argentina, Colômbia e México, com marcas como Sky, DirecTV, Dgo e Torneos. Desde 2021, o grupo faz parte da Werthein, uma holding argentina fundada em 1928 que inclui negócios de vários outros segmentos, como agroindústria, alimentos, setor imobiliário, saúde, seguros e tecnologia. 

Nos últimos anos, a Sky, que ficou conhecida no país como provedora de TV por assinatura via satélite, tem ampliado seu cardápio de serviços, com destaque para a venda de conexão banda larga por fibra óptica, para levar internet a mais cidades e regiões do país. "Temos uma estrutura em desenvolvimento que nos dará uma possibilidade de ter quase 25 a 27 milhões de pontos de conexão", diz Werthein.

O executivo também assumiu o cargo de copresidente do Grupo de Transformação Digital do B20, grupo de empresas que faz reuniões paralelas ao G20, presidido pelo Brasil neste ano. Uma de suas missões é avançar melhorias em regulações que facilitem o avanço dos serviços de internet e de conteúdo digital. 

"Segundo o Banco Mundial, há cerca de 200 milhões de pessoas na América Latina sem acesso ao mundo digital. O estado precisa modernizar as regulações para que todos os participantes possam se desenvolver por igual. O Brasil está na vanguarda porque fez algumas mudanças importantes de regulações e está mostrando ao resto da América Latina como se pode avançar para um mercado muito mais competitivo e que possa gerar investimentos distintos", diz o presidente.

Em maio, o Grupo Werthein fez uma aliança com o fundo Aarna Holdings, que administra recursos da Índia e dos Emirados Árabes, para receber investimentos asiáticos na América Latina. 

A estratégia da Sky

Werthein, o presidente, explica que a empresa quer criar um ecossistema de serviços a serem oferecidos aos clientes, como a venda de seguros, que "vem crescendo ano a ano". A Vrio assinou, em 2021, um acordo de distribuição de seguros com a Zurich. 

Outro experimento foi o lançamento do DirecTV Go, depois batizado de Sky +. O serviço une canais de TV tradicionais com conteúdos sob demanda, em um modelo que vai se tornando o caminho para a TV por assinatura. 

"Somos um meio de comunicação. Não vamos competir com as produções que a Netflix faz. Queremos nos transformar em um agregador, onde o cliente pode somar todas as plataformas, como Netflix, Disney, como se fosse um marketplace. Este é o caminho", afirma o presidente.

Além da mudança de plataforma, há a disputa geral pela atenção dos espectadores, que também passam muito tempo em redes sociais e assistindo vídeos na internet. "As gerações mais jovens muitas vezes não passam duas horas vendo um jogo de futebol. Só querem ver os gols ou um sumário da partida de 10 minutos. Estamos criando conteúdos assim e desenvolvendo novas ferramentas neste sentido", diz Werthein. 

A trajetória da Sky

A Sky foi criada no Brasil em 1996, por meio de uma aliança entre o Grupo Globo, a Sky Broadcasting, do Reino Unido, e a americana News Corporation, para fornecer TV por assinatura por antenas que captam sinais de satélite. 

Em 2003, a NewsCorp comprou a DirecTV, e o Cade determinou que apenas uma das duas marcas fosse usada no Brasil, pois elas juntas tinham quase 100% do mercado de TV por satélite. Assim, a marca DirecTV deixou de ser usada no Brasil, e o grupo passou a adotar apenas a marca Sky no país. Em outros países, o nome DirecTV foi mantido. 

Em 2015, a americana AT&T comprou a DirecTV e a Sky. Seis anos depois, em 2021, vendeu a Vrio, que juntava as operações das duas marcas na América Latina, para o Werthein. No ano seguinte, em 2022, o Grupo Globo também vendeu ao Werthein sua participação minoritária na Sky. 

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