Economia

Ex-presidente do IBGE irá assumir cargo no BID em Washington

Susana Cordeiro Guerra, que deixou o órgão brasileiro após corte orçamentário que inviabilizou o Censo 2021, vai liderar área na instituição multilateral que cuida, entre outros temas, de digitalização do setor público

Susana Cordeiro Guerra: ex-presidente do IBGE vai ocupar cargo no BID (Fernando Frazão/Agência Brasil)

Susana Cordeiro Guerra: ex-presidente do IBGE vai ocupar cargo no BID (Fernando Frazão/Agência Brasil)

FS

Fabiane Stefano

Publicado em 13 de setembro de 2021 às 14h59.

A ex-presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Susana Cordeiro Guerra, irá assumir uma das principais cadeiras do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em Washington, nos Estados Unidos.

Guerra, que presidiu o IBGE entre fevereiro de 2019 e abril de 2021, ocupará o cargo de Gerente do Setor de Instituições para o Desenvolvimento, hoje liderado pelo mexicano Moisés Schwartz. O anúncio deve ocorrer nos próximos dias.

A diretoria que a brasileira irá comandar compreende áreas como gestão fiscal, inovação para o cidadão, conectividade, mercados e competitividade.

EXAME apurou que pesaram a favor do nome da economista a experiência que ela acumulou à frente do IBGE durante a pandemia. Com os desafios impostos pela pandemia, incluindo restrições de locomoção de recenseadores, Guerra impulsionou o uso de tecnologia para que o instituto mantivesse a produção de dados estatísticos, incluindo ferramentas como big data, inteligência artificial e pesquisas assistidas por computador. O avanço na digitalização é justamente uma das prioridades do BID na América Latina.

Censo 2021

Mais jovem presidente da história do IBGE, Guerra pediu demissão do órgão no final de março e, de acordo com nota divulgada pelo IBGE na época, a saída da economista era motivada por questões pessoais e de família.

A então presidente do órgão, no entanto, travava uma batalha com o Ministério da Economia para a liberação dos recursos para o Censo Demográfico de 2021. O pedido de exoneração ocorreu logo após o Congresso cortar os recursos previstos para o Censo. Realizado em geral a cada dez anos, os recursos previstos eram da ordem de R$ 2 bilhões e foram reduzidos para 71 milhões de reais, inviabilizando a execução da pesquisa este ano.

O Ministério da Economia alegou falta de recursos em função da pandemia e que o Censo deve ocorrer em 2022. O valor de R$ 2 bilhões consta do Projeto da Lei Orçamentária (PLOA) para o próximo ano, enviado no final de agosto ao Congresso Nacional.

Com doutorado em Ciências Políticas pelo MIT, Guerra tem mestrado e graduação realizados em Harvard e trabalhou em outra instituição multilateral, o Banco Mundial. Ela é especialista nas áreas de reforma do Estado, descentralização e fortalecimento da capacidade organizacional do setor público.

 

Acompanhe tudo sobre:Banco Interamericano de DesenvolvimentoHarvardIBGEMIT

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor