Ex-diretor do FMI é condenado a 4 anos de prisão por fraude
Enquanto presidente da entidade, Rodrigo Rato se beneficiou do sistema de cartões ocultos ao fisco para fazer gastos indevidamente
EFE
Publicado em 23 de fevereiro de 2017 às 11h39.
Última atualização em 23 de fevereiro de 2017 às 11h39.
Madri - O ex-diretor-gerente do FMI Rodrigo Rato foi condenado nesta quinta-feira a quatro anos e seis meses de prisão na Espanha por apropriar-se indevidamente do patrimônio da entidade financeira Caja Madrid através do sistema dos cartões ocultos ao fisco durante sua etapa como presidente da entidade.
A Audiência Nacional da Espanha, onde o caso foi julgado, também condenou seu antecessor no cargo, Miguel Blesa, a seis anos pelos mesmos motivos.
Entre 1999 e 2012, os dois condenados, junto a outros 63 diretores da Caja Madrid, gastaram com esses cartões mais de 15 milhões de euros em atividades pessoais.
Entre as despesas realizadas, se destacam os 3 milhões de euros gastos em restaurantes, 2 milhões em saques em dinheiro, mais de 1,5 milhão em deslocamentos e viagens, mais de 1 milhão em lojas de departamento, cerca de 800 mil em hotéis e 700 mil em roupas e complementos.
Na sentença desta quinta-feira, consta que a Caja Madrid contava com esses cartões para complementar diárias de pessoal com um limite de dinheiro, mas quando Blesa chegou à presidência, ficou determinado que os diretores que dispunham deles não precisariam justificar os gastos, o que demonstra, segundo o tribunal, um "uso particular" contra o patrimônio da entidade financeira.
Sobre o regime fiscal destes cartões, a sentença considera comprovado que o dinheiro do qual dispunham os usuários não era incluído nas relações contratuais, nem figurava no certificado de ativos proporcionado pela Caja Madrid a cada ano.
Entre os usuários dos cartões estavam representantes dos principais partidos espanhóis (o conservador PP e o socialistas PSOE), assim como sindicalistas e dirigentes empresariais, que estavam nos órgãos de direção da Caja Madrid, uma entidade pública.
A Caja Madrid foi uma das sete entidades que se fundiram em 2011 para dar lugar ao Bankia, já presidido por Rodrigo Rato, ex-ministro da Economia e ex-vice-presidente do governo espanhol dirigido pelo conservador José María Aznar (1996-2004).
Essa entidade teve que receber em 2012 cerca de 22 bilhões de euros de recursos públicos para fazer frente ao rombo financeiro e após uma polêmica oferta de ações na Bolsa de Valores, que também está sendo investigada pela Justiça.