Manifestante carrega bandeiras da Grécia e da União Europeia (Yannis Behrakis/Reuters)
Da Redação
Publicado em 3 de julho de 2015 às 16h24.
Bruxelas - Países da zona do euro tentaram em vão evitar a publicação de uma análise sombria da dívida da Grécia pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que o governo de esquerda diz que justifica o seu apelo aos eleitores de rejeitar os termos de resgate, fontes familiarizadas com o assunto disseram nesta sexta-feira.
O documento divulgado em Washington na quinta-feira traz que as finanças públicas da Grécia não serão sustentáveis sem redução substancial da dívida, incluindo possivelmente uma baixa contábil por parceiros europeus de empréstimos garantidos pelo contribuinte.
O documento também defende que a Grécia vai precisar de pelo menos 50 bilhões de euros em ajuda adicional ao longo dos próximos três anos para manter-se viva.
A publicação expôs uma disputa entre Bruxelas e o credor global com sede em Washington que foi crescendo nos bastidores durante meses.
O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, citou o relatório em apelo televisionado para os eleitores votarem pelo "não" aos termos de austeridade propostas.
"Ontem um evento de grande importância política aconteceu", disse Tsipras. "O FMI publicou um relatório sobre a economia da Grécia, que é uma grande defesa para o governo grego, uma vez que ele confirma o óbvio: que a dívida grega não é sustentável." Em reunião da diretoria do FMI na quarta-feira, os membros europeus questionaram o momento da publicação do relatório, três dias antes do referendo decisivo marcado para domingo, que pode determinar o futuro do país na zona do euro, disseram as fontes.
Não houve votação, mas os europeus estavam em grande desvantagem numérica e os Estados Unidos, a voz mais forte no FMI, foi a favor da publicação, disseram as fontes.
"Não foi uma decisão fácil", disse uma fonte do FMI envolvida no debate sobre a publicação. "A UE tem que entender que nem tudo pode ser decidido com base em seus próprios imperativos", acrescentou.
A porta-voz do FMI, Angela Gaviria, não quis comentar sobre este relatório.