Economia

Eurogrupo se mostra dividido sobre futuro da Grécia

A lista de reformas do governo do primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, respaldada pelo parlamento do país, aumenta impostos e cotações sociais


	Os representantes da zona do euro debatem o pedido da Grécia para um terceiro multimilionário resgate e a oferta de reformas que o acompanham
 (Daniel Roland/AFP)

Os representantes da zona do euro debatem o pedido da Grécia para um terceiro multimilionário resgate e a oferta de reformas que o acompanham (Daniel Roland/AFP)

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Da Redação

Publicado em 11 de julho de 2015 às 16h37.

Bruxelas - Os ministros de Economia e Finanças da zona do euro (Eurogrupo) estão divididos quanto ao melhor caminho para superar a crise da Grécia e afastar o fantasma de sua saída da moeda única, embora tenham expressado sua vontade de avançar sobre as complexas e difíceis negociações que começaram neste sábado.

Os representantes da zona do euro debatem o pedido da Grécia para um terceiro multimilionário resgate e a oferta de reformas que o acompanham, usando como base uma análise das instituições credoras - a Comissão Europeia, o Banco Central Europeu (BCE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI).

A lista de reformas do governo do primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, respaldada pelo parlamento do país, aumenta impostos e cotações sociais e reduz as pensões, em uma linha muito similar à oferta que esses organismos fizeram à Grécia e que esta rejeitou no mesmo dia em que convocou por surpresa o referendo do último dia 5 de julho.

Na reunião do Eurogrupo em Bruxelas, que começou às 15h30 (horário local, 10h30 de Brasília) sob presidência do holandês Jeroen Dijsselbloem, as partes tentam também recuperar a confiança perdida pelos vaivéns e surpresas dos cinco últimos meses de negociações.

Essa desconfiança foi recordada hoje pelos ministros dos países que representam a posição mais ortodoxa em relação à Grécia, como o alemão Wolfgang Schäuble, que insistiu que "as propostas não são suficientes", além de assinalar que a confiança entre as partes "foi destruída".

A situação da Grécia foi se deteriorando nos últimos meses e especialmente desde o final de junho, quando não repassou ao FMI um pagamento de 1,5 bilhão de euros e viu expirar seu segundo resgate financeiro sem um acordo com seus sócios para ter acesso aos 7,2 bilhões que estavam pendentes.

Posteriormente decretou um feriado bancário que já dura duas semanas e deixa a economia grega sem fôlego, pela falta de liquidez, e afogada por uma avultada dívida que alcança 175% de seu Produto Interno Bruto (PIB).

A sobrevivência da Grécia no clube dos países da moeda única segue em questão.

O jornal "Frankfurter Allgemeine Zeitung" cita um documento do Ministério das Finanças alemão com dois possíveis caminhos para superar a crise: um, que a Grécia melhore sua última proposta, que incluiria a transferência de bens no valor de 50 bilhões de euros a um fundo fiduciário como garantia de pagamento dos novos créditos que solicita.

A segunda opção seria uma saída temporária da zona do euro por cinco anos acompanhada de assistência humanitária como ajudas ao crescimento que aliviem o sofrimento da população.

"Esta é uma velha ideia do professor alemão Hans-Werner Sinn, que falava de um período sabático do euro. Não se pode levar a sério: não é legalmente possível, não faz sentido econômico e não está em linha com a realidade política", disseram hoje fontes comunitárias.

Essas mesmas fontes acrescentaram que "agora é o momento de manter uma discussão séria e de soluções, não de reativar ideias acadêmicas e carentes de sentido prático".

Na linha mais ortodoxa se expressou também o ministro das Finanças austríaco, Hans Jörg Schelling, que assinalou como "um avanço" que a Grécia tenha entregado uma proposta, mas considerou "surpreendente que seja o mesmo que foi combinado antes e surpreendente que seja o mesmo que antes desse referendo".

"Isto é como viajar no tempo. O pacote teria sido suficiente para completar o segundo programa de resgate. Mas temo que isto não será suficiente para um terceiro programa", concordou o ministro eslovaco, Peter Kazimir.

Por outro lado, a Comissão Europeia e a França encararam com mais otimismo esta negociação - que "se apresenta longa", nas palavras do ministro de Finanças italiano, Pietro Carlo Padoan.

O comissário europeu de Assuntos Econômicos e Financeiros, Pierre Moscovici, assinalou que "as instituições, todas, dissemos que esse plano pode constituir uma boa base para a negociação", e elogiou o fato de que o parlamento grego o tenha respaldado.

"Hoje é um dia importante para a zona do euro, tal como a Comissão Europeia disse desde o princípio, o objetivo é manter a integridade da zona do euro, manter a Grécia no euro", ressaltou Moscovici.

Já o ministro das Finanças francês, Michel Sapin, elogiou a "determinação política" de Atenas para recuperar a confiança perdida entre as autoridades gregas e as instituições e os países do euro, e também considerou esse plano como "uma boa base para empreender discussões e negociações".

"Vamos escutar o que dizem as instituições, vamos analisar efetivamente se a proposta feita pelo governo grego, que é voltar atrás em relação ao que se concluiu no referendo, representa uma base adequada para negociar um programa", resumiu o ministro espanhol, Luis De Guindos. EFE

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